Kirchner anuncia expropriação total de companhia petrolífera da Repsol

A Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, decidiu expropriar a companhia petrolífera YPF, controlada pela espanhola Repsol, e que vai passar a ser controlada totalmente pelo Estado e províncias, anunciou hoje um comunicado oficial.

«O património da YPF Sociedade Anónima é declarado sujeito à expropriação», de acordo com o comunicado oficial divulgado durante uma cerimónia e na presença de Kirchner e dos ministros e governadores das províncias do país.

«51 por cento vão pertencer ao Estado e os restantes 49 por cento serão distribuídas entre as províncias produtoras», especificou o anúncio oficial, que mereceu o aplauso dos participantes.

«Não vamos efectuar uma nacionalização», acrescentou de seguida a chefe de Estado. «Vamos fazer uma recuperação e a companhia continuará a funcionar como uma sociedade anónima, com directores profissionais», precisou.

«Esta Presidente não responderá a qualquer ameaça», disse ainda. «Sou um chefe de Estado, não uma vendedora de legumes», frisou. «Todas as empresas presentes no país, e mesmo que o accionista seja estrangeiro, são empresas argentinas», acrescentou.

Numa primeira reação, o governo espanhol, através da porta-voz do Partido Popular (PP, direita, no poder), Maria Dolores de Cospedal, anunciou uma «resposta apropriada» ao projeto de expropriação da YPF.

Na sexta-feira, a Espanha advertiu a Argentina contra uma «agressão» que violaria o «princípio de segurança jurídica», mas apelou ao diálogo para resolver o contencioso motivado pela eventual nacionalização da filial argentina do grupo petrolífero Repsol YPF.

O controlo desta companhia será processado através da votação do anunciado projecto-lei e o preço a pagar aos accionistas será fixado pelo Tribunal argentino de avaliações.

No domingo, o presidente da Repsol YPF, Antoni Brufau, solicitou um diálogo com o governo argentino, mas não obteve resposta. «É necessário falar, falar, e não impor nada nem fazer apelo à retórica», disse na ocasião. «É a falar que as pessoas se entendem», sublinhou.

Acusada de escassos investimentos, a YPF, controlada pela Repsol, perdeu nas últimas semanas 16 concessões petrolíferas em seis províncias argentinas.

O governo de Cristina Kirchner está a pressionar as companhias petrolíferas para aumentarem a produção, após a factura petrolífera do país ter ultrapassado os 110 por cento em 2011 e atingir os 7,18 mil milhões de euros.

A Repsol YPF lidera o mercado de combustíveis na Argentina. A filial no país, privatizada na década de 1990, controla 52 por cento das capacidades de refinação do país e possui 1.600 estações de serviço.

Lusa/SOL