Lello: Cavaco ‘ressabiado’ apelou à ‘arruaça’

O dirigente socialista José Lello afirmou hoje que o Presidente da República surgiu na sua tomada de posse como alguém «ressabiado», «zangado» com as questões que emergiram na campanha eleitoral e com apelos à «arruaça».

em contraponto, segundo este membro do secretariado nacional do ps, o primeiro-ministro, josé sócrates, perante o ataque de que foi alvo por parte do presidente da república, teve uma reação de «fair-play e de contenção».

em declarações aos jornalistas, na assembleia da república, josé lello afastou consequências políticas resultantes do teor do discurso feito quarta-feira por cavaco silva, designadamente a eventualidade de uma ruptura nas relações institucioonais, dizendo que o chefe de estado fez uma intervenção daquelas que «arranham mas não mordem».

«o presidente da república fez um discurso desnecessário, porque proferido em vésperas de um importante conselho europeu, e motivou que as pessoas andem agora a debruçarem-se sobre ele para ver se tem algo de palpável», considerou o dirigente socialista.

para josé lello, se cavaco silva insistir na linha de actuação inerente ao seu discurso de tomada de posse, «não terá grande futuro em termos de ter na história uma referência grandiosa».

«um presidente da república não pode ir à questão miudinha e não pode aparecer aqui no parlamento como chefe de partido, esquecendo o seu passado, já que as questões que tocou com o seu dedinho não são muito abonatórias. para haver paz institucional, era bom que o presidente da república estivesse acima de tudo, virado para os interesses nacionais e não viesse aqui fazer apelos à arruaça e à desestruturação social», apontou o secretário nacional do ps para as relações internacionais.

na perspetiva de josé lello, na quarta-feira, cavaco silva surgiu «ressabiado, zangado com o mundo e porventura com o que lhe sucedeu na campanha eleitoral, designadamente com as questões que aí emergiram».

«mas acho que isso são contas de outro rosário. com pena, assisti a um parlamento dividido: a direita a vibrar com o presidente da república e o resto do hemiciclo num mutismo, que refletiu a incomodidade perante um discurso desses», acrescentou.

lusa / sol