João Lourenço continua o seu périplo diplomático pela Europa. Depois de ter visitado de forma oficial França e Bélgica, entre final de maio e princípio de junho, e de, a seguir, ter sido recebido em Bruxelas pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, tornou-se esta quarta-feira o primeiro chefe de Estado angolano a discursar no Parlamento Europeu.
Perante os eurodeputados, em Estrasburgo, o chefe de Estado sublinhou que Angola está «aberta ao mundo» e seu Executivo empenhado «em aprofundar o processo democrático e melhorar as condições que permitam um ambiente favorável à diversidade de opiniões, à liberdade de expressão e, no geral, ao respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos».
Na histórica intervenção, Lourenço disse também que conta com a União Europeia (UE) como um «importante parceiro» que ajude Angola a superar os constrangimentos que tem para colocar «a economia angolana ao serviço do desenvolvimento, do progresso e do bem-estar das populações». O Presidente de Angola reconheceu que o esforço de reconstrução empreendido nos últimos anos ainda «é insuficiente» para responder às necessidades de empresas e populações nas áreas de energia, água, escolas e hospitais. Isto apesar de o seu Governo estar a focar a «atenção na implementação de programas de estabilização macroeconómica e consolidação fiscal».
Cruzada contra a corrupção
No quadro de um «melhor ambiente de negócios» e de «uma maior atenção ao investimento privado estrangeiro», Lourenço, tal como há um mês em Bruxelas, salientou que o seu Executivo está numa «verdadeira cruzada contra a corrupção e a impunidade, em toda a sociedade» e que «em breve» se verão resultados.
João Lourenço também destacou que há matérias de «interesse comum» a discutir com a UE, «nomeadamente questões que têm a ver com desenvolvimento económico e social dos nossos países, questões de segurança, de necessidade de combate ao terrorismo» e, acima de tudo, «de controlarmos a imigração que se vem verificando nos últimos anos e que em nada nos honra, antes pelo contrário, nos envergonha».
João Lourenço disse que África precisa de soluções duradouras – «aquelas que garantam o desenvolvimento do continente, a criação de emprego, a criação de riqueza, de maior estabilidade» -, esperando um contributo da UE a esse nível. O Presidente angolano salientou que «nenhum governante quer ver os seus filhos abandonar o país e sobretudo naquelas condições desumanas em que o processo está a decorrer».
João Lourenço garantiu ainda que a visita do primeiro-ministro português, António Costa, a Angola acontecerá este ano e que «só depende do acerto de calendários». «Não tem nada a ver com o processo Manuel Vicente», garantiu aos jornalistas após o discurso, sublinhando que as relações com Portugal «estão boas» e que visitará Lisboa «logo que estejam criadas as condições».