Luanda

Desde os meus 20 anos que não sou adepto de festas de bar aberto, até porque não sou adepto de confusões. Adoro sair para rir com amigos, dançar, encontrar alguém que procuro, beber e, muito importante, ‘sacanear’ alguém.

foi por isso com alguma desconfiança que fui à festa dos 150 anos da martini em luanda, no chill out, abrilhantada por boss ac e pelo nosso djkamala, entre outros. para se entrar na festa havia duas modalidades: ou se era convidado ou se desembolsava 100 dólares (é só fazer as contas, como dizia um antigo primeiro-ministro), tendo em ambos os casos direito a bar aberto. habituado às peripécias luandenses, pensei que ia ser o caos, no que ao serviço dizia respeito. pois bem, foi uma enorme surpresa, já que se alcançava facilmente os bares. apesar de a discoteca estar cheia, não faltou gelo nem qualquer bebida, de que me tenha apercebido.

angolanos e portugueses, a larga maioria dos presentes, convivem tranquilamente, embora não se perceba muito bem quem é que influencia mais o outro. as mulheres locais, têm, regra geral, um ar tão altivo que parecem passarem dos dois metros e meio; alguns portugueses, por sua vez, comportam-se como se tivessem o rei na barriga. podemos mesmo dizer que alguns o demonstram literalmente…

mas há um aspecto onde se nota que não existe cruzamento: na vestimenta. regra geral, os homens angolanos vestem todos calças muito justas e curtas, com sapatos muito bicudos e grandes. nota-se perfeitamente que são fanáticos do ginásio e revelam que não teriam problemas em fazer sessões fotográficas ao lado de cristiano ronaldo. elas adoram grandes decotes e muitas rendas, com os inevitáveis louboutin nos pés. digamos que o chão em luanda parece, nalgumas discotecas, um verdadeiro tapete vermelho – por baixo dos sapatos, como disse.

voltando à noite, foi bem divertida e encontrei vários portugueses que já não via há algum tempo e que andam por estas paragens a apostar em novos desafios.

como a fome apertava e a noite se aproximava do fim, abandonámos o chill out e fomos ao jango veleiro comer uma bela sopa e uma perna de frango assada. num ambiente surreal, abandonámos o espaço em boa hora e a rir.

vitor.rainho@sol.pt