Messias John Kerry sem paz à vista

Desde que chegou à Secretaria de Estado norte-americana, em Fevereiro do ano passado, John Kerry já foi ao Médio Oriente uma dezena de vezes, tendo conseguido em Julho que israelitas e palestinianos retomassem as negociações de paz interrompidas três anos antes.

kerry celebrou o acto com a promessa de um “acordo de paz abrangente em nove meses”, na missão de ver “dois estados lado a lado, a viver em paz e segurança”. mas decorrido mais de metade desse tempo, o único sucesso visível deu-se na libertação de cerca de uma centena de presos palestinianos, a que se seguiram anúncios de expansão de colonatos na cisjordânia que enfureceram os vizinhos.

e se dentro dos eua são poucos os que acreditam num acordo até ao final de abril, na região parece já não haver crença no negociador. para o ministro israelita dos negócios estrangeiros, moshé yaalon, a última proposta de kerry para o futuro do vale do jordão “não vale sequer o papel em que foi escrita”. segundo declarações produzidas num encontro informal com jornalistas, difundidas no diário yediot aharonot, yaalon está cansado da “espécie de messianismo” que kerry demonstra na sua “obsessão incompreensível” de alcançar um acordo de paz.

se kerry prometeu “não deixar que um comentário comprometa o esforço já feito”, a casa branca foi mais dura na reacção: ao considerar os comentários de yaalon “ofensivos e inapropriados”, o porta-voz de barack obama exigiu ao primeiro-ministro uma “expressão pública de desacordo” com o seu ministro. benjamin netanyahu afirmou que “as divergências pontuais com os eua são sempre sobre assuntos e não sobre pessoas” e o próprio yaalon garantiu que não tinha “nenhuma intenção de ofender” um homem com “múltiplos esforços realizados” no processo de paz.

nuno.e.lima@sol.pt