Mira Amaral: acordo ‘traduz visão alemã’ da zona euro

O acordo conseguido durante a madrugada na cimeira europeia, sobre o reforço da disciplina orçamental na zona euro, «traduz a visão alemã» da questão, disse o economista Mira Amaral.

«os vários países da zona euro não tinham grande alternativa porque tinham de aceitar esta visão alemã da zona euro. este acordo traduz a visão alemã da zona euro muito centrada nos problemas orçamentais e de finanças públicas», assinalou o economista.

o reforço da disciplina orçamental na zona euro, nomeadamente por via de um maior equilíbrio dos seus orçamentos e da aplicação de sanções em casos de incumprimento dos objectivos, foi hoje acordado em bruxelas.

«é evidente que temos que perceber os alemães se queremos evoluir para eurobonds e manter o euro temos que aceitar temos que compreender a lógica alemã de querer que os vários países tenham as finanças públicas sob controlo», indicou mira amaral.

no entanto, o economista salienta que a médio e longo prazo este «não é um problema financeiro, de sobrevivência do euro, é também um problema económico» pois os «países que não têm competitividade para aguentar o euro podem estar em causa na zona euro a prazo».

o acordo conseguido entre os 17 países da zona, mas dos 27 que compõem a união europeia quatro ficaram de fora, casos do reino unido e da hungria, por opção, e da suécia e república checa, que terão de consultar os seus parlamentos.

«no caso inglês é manifesto que têm medo que uma maior integração orçamental, fiscal e económica dos países da zona euro vá por os países que não estão no euro mais fora do centro de decisão europeia», referiu.

apesar de tudo, mira amaral considerou «positivo que todos os países que estão na zona euro» tenham manifestado o seu acordo.

«isto pode fazer ganhar algum tempo à zona euro e acabar ou evitar a ameaça de sérios problemas ou mesmo um estouro da zona euro no curto prazo, mas o problema de médio e longo prazo não está resolvido», concluiu.

lusa/sol