Míssil atinge a Polónia e Moldávia fica sem eletricidade

Pela primeira vez desde o início da guerra, o território da NATO foi atingido. A Polónia pondera a sua resposta e a tensão está em alta.

Quem quer evitar uma guerra mundial susteve a respiração, ao saber que um míssil russo cruzou a fronteira de Polónia, um país membro da NATO, avançou um alto dirigente das secretas americanas à Associated Press. O míssil atingiu Przewodów, uma aldeia a umas dezenas de quilómetros da Ucrânia, terça-feira ao final da tarde, quando a população se dedicava a secar a colheita de cereais deste ano, matando pelo menos duas pessoas, segundo a imprensa polaca, que divulgou imagens de um veículo agrícola desfeito e virado ao contrário, perto de uma cratera (foto acima). Momentos depois, o Governo polaco de Mateusz Morawiecki, trancava-se numa reunião de emergência por causa de uma “situação de crise”, justificou o seu porta-voz, Piotr Mueller, não se alongando muito.

“O terror não está limitado às nossas fronteiras nacionais”, declarou Volodymyr Zelenksy, citado pela Reuters. “Isto é uma escalada significativa, temos de agir”, apelou o Presidente ucraniano. Forças russas tinham passado a tarde a devastar a infraestrutura elétrica do seu país, denunciara, relatando que os invasores recorreram a uma vaga de pelo menos 85 mísseis, como vingança pelo discurso de Zelensky perante o G-20 (ver página 10). Utilizaram sobretudo os mísseis cruzeiro de longo alcance Kh-101 e Kh-555, capazes de voar baixo para escapar aos radares e disparados a partir de bombardeiros estratégicos. A barragem de mísseis russos atingiu centrais elétricas e sistemas de transmissão em dezenas de regiões ucranianas. Desde Kharkiv, no leste, até Lviv, no oeste, muito próximo da fronteira da Polónia. A vizinha Moldávia também ficou sem eletricidade em boa parte do seu território, após um posto de transmissão perto da fronteira ser atingido por um míssil russo.

A NATO observava nervosamente, dado a aliança possuir o famoso artigo 5, que estabelece que um ataque armado contra um dos seus membros é um ataque contra todos. “O criminoso regime russo disparou mísseis que atingiram não só civis ucranianos mas também aterraram em território da NATO”, denunciou o vice-primeiro-ministro da Letónia, Artis Pabriks, no Twitter. “A Letónia está do lado dos seus amigos polacos e condena este crime”.