Moody’s: Acções da Rússia na Ucrânia são negativas para o ‘rating’ do país

As acções da Rússia na Ucrânia e a incerteza relativamente às suas intenções têm repercussões negativas na avaliação que a Moody’s faz sobre o ‘rating’ do país e pioram o débil cenário macroeconómico, referiu hoje a agência de notação financeira.

“As acções da Rússia na Ucrânia e a incerteza relativamente às suas intenções têm repercussões negativas no crédito da Rússia porque aumentam a já de si fraca avaliação económica do país devido a um sentimento dos investidores mais negativo e aumentam a susceptibilidade a um evento de risco geopolítico”, lê-se num relatório sobre o impacto dos eventos quotidianos na análise que os economistas da Moody’s fazem do risco de crédito nos países.

Esta deterioração do sentimento dos investidores “já está a aparecer nos mercados financeiros”, acrescentaram os analistas da agência de ‘rating’.

“Só no dia 3 de Março, os dados da Bloomberg mostram que a bolsa russa caiu 12%, as taxas de juro que os investidores exigem para transaccionar dúvida pública aumentou 11%, os seguros de risco da dívida encareceram 4% e o rublo depreciou-se 2% face ao dólar”, escreveram os analistas.

As mesmas fontes lembraram que no dia seguinte a situação inverteu-se depois da intervenção do banco central, o que, na sua opinião, vem confirmar a tese de que “a volatilidade dos mercados financeiros na Rússia deverá continuar muito alta e conduzida pelas notícias nas próximas semanas”.

Além de impactos no índice de confiança dos consumidores, embora em menor grau, e no crescimento económico da Rússia, que se expandiu 1,2% no terceiro trimestre do ano passado, a situação hoje é muito diferente da de Agosto de 2008, durante a guerra com a Geórgia, lembrou a Moody’s.

“A ameaça actual de um conflito militar com a Ucrânia acontece numa altura em que o crescimento do PIB da Rússia declinou desde o último trimestre de 2011, chegando aos 1,2% no terceiro trimestre do ano passado, o que é uma redução significativa face aos 5,1% alcançados nos últimos três meses de 2011 (5,1%), o que, já de si, estava bastante abaixo da média de 7% registada entre 2003 e 2008”, referiu a agência.

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após o afastamento do ex-presidente Viktor Ianukovich e a presença de militares russos na Crimeia, península do sul do país onde está localizada a frota da Rússia do Mar Negro.

Na terça-feira, em conferência de imprensa, o Presidente russo, Vladimir Putin, alegou que interveio na Crimeia a pedido de Ianukovich e anunciou que mantém o “direito de actuar” na Ucrânia, em último recurso, para defender cidadãos russos.

A crise na Ucrânia começou em Novembro com protestos contra a decisão de Ianukovich de recusar a assinatura de um acordo de associação com a UE e promover uma aproximação à Rússia.

Em Fevereiro, após meses de manifestações e confrontos no centro de Kiev, Ianukovich foi afastado, tendo tomado posse um novo Governo, pró-ocidental.

Lusa/SOL