Planta tóxica que deixou jovem em coma é legal em Portugal

A planta tóxica que recentemente deixou em coma um jovem português de 23 anos em Badajoz e que é proibida em Espanha, não tem qualquer restrição em Portugal. Aqui, o estramónio, mais conhecido como erva-do-diabo, não só é legal como cresce por todo o território nacional.

ao que o sol apurou, e ao contrário do que acontece no país vizinho, onde a comercialização da planta é penalizada, sendo considerada um crime contra a saúde pública, em portugal a lei não prevê qualquer pena – seja para o consumo seja para o tráfico da planta ou das suas sementes.

«a proibição tem de ser tratada a nível político e não houve ainda necessidade disso. já em espanha, por terem havido muitos casos perigosos legislou-se sobre o assunto», explicou ao sol fonte da psp.

fonte da pj, por seu lado, esclarece que apesar de se saber que há quem use o estramónio como droga, fecha-se os olhos, como sucedeu durante anos com os cogumelos mágicos. por outro lado, as autoridades dizem que em portugal, a erva do diabo é ainda pouco procurada pelos jovens. «só de vez em quando por algum miúdo sem consciência».

mas quem a ingere pode sofrer consequências devastadoras, alertam os especialistas ouvidos pelo sol. é que os princípios activos do estramónio, a escopolamina e a atropina, originam confusão mental, agitação, alucinações auditivas e visuais; convulsões, coma, insuficiência respiratória e colapso cardiovascular.

foi de resto o que aconteceu a 14 de agosto, a dois jovens espanhóis de 18 anos que, sem saber, misturaram folhas de estramónio com álcool numa festa rave em getafe, nos arredores de madrid, acabando por falecer com insuficiência respiratória.

na mesma festa, um terceiro jovem foi hospitalizado também por ter ingerido planta.

apesar de ser ainda pouco frequente o seu consumo em festas entre os portugueses, a erva-do-diabo é algo que, disseram alguns jovens ao sol, «já todos ouviram falar». mas, por ser «muito forte», têm mais receio de usar.

sonia.balasteiro@sol.pt
* com catarina guerreiro