Quota de mercado dos genéricos ultrapassou os 60% em Junho

O vice-presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) revelou hoje que, pela primeira vez, em Junho, a quota de mercado dos medicamentos genéricos ultrapassou os 60 por cento.

paulo duarte adiantou que esta subida se deve às novas regras de prescrição, que entraram em vigor a 1 de junho e que obrigam os médicos a prescrever os medicamentos pelo seu princípio activo e as farmácias a vender os mais baratos.

«pela primeira vez, a quota de mercado dos medicamentos genéricos no mercado total ultrapassou os 60 por cento, o que é um número que nunca tinha sido atingido», disse paulo duarte na comissão parlamentar de saúde, em que foi ouvido sobre as medidas tomadas no âmbito da política do medicamento e do seu impacto na situação económica e financeira das farmácias.

no mesmo mês, verificou-se que um «maior aumento de quota de mercado nos medicamentos genéricos», situando-se nos 6,7 pontos percentuais face a uma média anterior de 5,5 pontos percentuais.

para o vice-presidente da anf, estes dados evidenciam que «a medida está a ter efeitos do ponto de vista do comportamento do mercado».

também neste mês, registou-se «a maior redução do preço médio dos medicamentos» desde o princípio do ano: 20,3% face aos preços praticados em janeiro.

já o preço médio dos genéricos reduziu 51,2%.

sobre a evolução média dos preços dos medicamentos de marca, paulo duarte adiantou que, desde 2009, a variação não é significativa.

«a redução tem acontecido praticamente a nível dos genéricos», disse, comentando: «no fundo, são os genéricos que estão a contribuir para as poupanças» na despesa do serviço nacional de saúde (sns) em ambulatório, que reduziu 316,4 milhões de euros em 2011, enquanto a despesa no sector hospitalar subiu 12,8 milhões de euros.

o responsável alertou que «as dificuldades das farmácias estão a tornar-se cada vez mais as dificuldades dos utentes conseguirem aceder aos medicamentos».

dados da anf divulgados por paulo duarte na comissão indicam que, desde abril, o mercado tem reduzido mais de 10% em valor, com aceleramento a partir de junho.

«em junho tivemos uma redução de mercado de 16% e em julho de 14,5%», um valor estimado com base nos primeiros 15 dias de mercado.

em termos de unidades não há variações significativas e em termos de despesa pública do sns verifica-se, até agora, uma redução de 8,1 por cento, adiantou.

citando o «estudo avaliação económica e financeira do sector das farmácias», da universidade de aveiro, paulo duarte avançou que, este ano, a farmácia média apresentará um resultado líquido negativo (-39.891 euros) e um resultado operacional negativo (-738 euros).

outro estudo (‘evolução dos sector das farmácias’ desde 2005, da nova school of business and economics) refere que, entre março e junho, o número de farmácias com fornecimentos a créditos suspensos, em pelo menos um grossista, cresceu para 1.131 (39%), representando um crescimento de 34%.

segundo o estudo, o número de processos judiciais para regularização de dívidas (457) cresceu 19%, e o montante global da dívida (253,3 milhões de euros) cresceu 10%.

no primeiro semestre de 2012, a dívida das farmácias ao sector grossista cresceu 38,5 milhões de euros, mais do que aumentou em todo o ano de 2011 (30,7me).

o valor global da dívida das farmácias aos grossitas é de 235,3 milhões de euros.

lusa/sol