Redução da área de eucalipto entra em vigor já em março

Diploma com as novas regras para a plantação da espécie foi publicado esta quinta-feira

Foram muitas as vozes que se levantaram contra um travão na plantação de eucaliptos, nomeadamente, ligadas à indústria ligada à produção de papel. No entanto, a medida vai avançar e o diploma, que reduz a área de plantação desta espécie, publicado ontem, entra em vigor já em março.

“Há quem ache que pode haver eucalipto em todo o lado e há quem ache que o eucalipto é um demónio”, esclarece Capoulas Santos, ministro da Agricultura, acrescentando que este foi um dos principais problemas da discussão que se criou.

“Não vamos permitir que a área de eucalipto aumente. Mas há muito eucalipto onde não pode estar e há terrenos onde é possível produzir o dobro. O que queremos fazer é reorganizar tudo”, sublinha, sintetizando: “Queremos é produzir muito, em menos terreno”.

Para o responsável pela pasta da Agricultura, é importante ter em conta que “somos um país pequeno e o eucalipto já passou todas as outras espécies. Não podemos plantar, plantar, senão é um pasto de incêndio incontrolável”.

As ameaças da indústria

Ao mesmo tempo que o governo tenta arranjar mecanismos para atrair investimento estrangeiro, existem setores que alertam para algumas decisões do atual executivo e alguns deles já chegaram mesmo a ameaçar deixar de investir em Portugal. Um dos últimos casos esteve relacionado com a indústria do papel por causa do travão à plantação de eucalipto imposto pela reforma da floresta.

Na raiz do problema está o facto de a indústria consumir, em Portugal, 8,5 milhões de metros cúbicos de madeira de eucalipto por ano, sendo necessário importar dois milhões devido à insuficiência da floresta nacional – argumentos velhos que levaram a um novo problema: o setor diz que precisa de aumentar a produção.

Pedro Queiroz Pereira, presidente do conselho de administração da Navigator Company, explica mesmo que “perdem as empresas deste setor, que veem agravada a sua competitividade externa, e perde o país, sob a forma de escoamento de divisas e de destruição de postos de trabalho”.

Além disso, Queiroz Pereira não esconde que poderão estar em risco futuros investimentos, uma vez que, “que torna cada vez mais difícil a vida das empresas produtivas e mais arriscados os investimentos”.

Mas esta posição não é tomada apenas pela Navigator Company. Também a Altri depressa ameaçou travar os investimentos se Portugal demonizasse o eucalipto.

“A simples proibição do plantio de determinada espécie de árvore, neste caso o eucalipto, preferindo que aí floresça mato, é a todos os títulos pouco recomendável”, atirou Paulo Fernandes. S. M. S.