Relatos continuam em risco em disputa entre rádios e Liga espanhola

Os tradicionais relatos de futebol podem estar em risco em Espanha depois de a Liga de Futebol Profissional (LFP) ter deliberado impor uma taxa – que pode ascender a 15 milhões de euros – para que os jornalistas radiofónicos transmitam dos estádios.

os primeiros incidentes verificaram-se já no passado fim-de-semana, com as rádios a ser proibidas de entrar nos estádios, por se recusarem a pagar a taxa pelos direitos de transmissão dos encontros.

em julho, a lfp deliberou cobrar uma taxa às rádios que pretendam instalar os microfones dos estádios, o que motivou a recusa praticamente unânime de todas as rádios espanholas, que rejeitam sequer negociar com a liga.

pretender cobrar pela retransmissão dos jogos «constitui um risco de que os ouvintes radiofónicos possam ficar sem relatos» durante o fim-de-semana.

alegam ainda que o actual modelo de convivência com os clubes é «de há muitas décadas» o mais conveniente, apelando ao artigo 20 da constituição que consagra a liberdade de expressão e o direito à informação.

«a rádio está mais próxima da imprensa escrita, coberta como tal pelo direito à informação», insistem, já que os relatos representam uma «versão subjectiva e pessoal» do que está a ocorrer no campo.

a lfp, por seu lado, quer rentabilizar ao máximo os direitos audiovisuais, pelo que quer ampliar às rádios a taxa já imposta às televisões, que, neste caso, seria determinada com base nas receitas publicitária e dados de audiência.

independentemente da troca de argumentos, a lfp impôs no fim-de-semana a ameaça, impedindo os jornalistas de rádio de entrar nos campos onde decorriam jogos da primeira e segunda divisão.

para ‘saltar’ as limitações, os jornalistas tiveram que procurar estratagemas, incluindo ver os jogos pela televisão, em bares próximos, e mesmo de andares de residentes próximos dos estádios.

«nem negociamos, nem vamos pagar», declarou manu carreño, director do ‘carrusel deportivo’, da cadena ser, um dos programas de futebol mais ouvidos em espanha.

lusa/sol