Repsol acusa Argentina de querer levar acções da YPF para preços de saldo

O presidente da espanhola Repsol acusou hoje o governo argentino de ter conduzido uma campanha de acusações para baixar o preço das acções da YPF e assim poder realizar a expropriação da filial argentina a preços de saldo.

«a presidente argentina realizou ontem um ato ilegítimo e injustificável, depois de uma campanha de acusações com que pretendia derrubar as acções da ypf e permitir uma expropriação a preço de saldo», afirmou antonio brufau numa conferência de imprensa em madrid.

«estes actos não ficarão impunes», disse, considerando que a expropriação viola os mais elementares princípios da igualdade de tratamento procurando tomar o controlo da ypf «sem nenhuma opa [oferta pública de aquisição], compromisso assumido pelo governo aquando da privatização» da empresa argentina.

por isso, brufau anunciou que a repsol vai recorrer à arbitragem internacional e exigirá uma compensação pelas acções expropriadas, pelo menos, pela mesma quantidade que corresponderia aos accionistas de acordo com a lei em vigor.

isso significa um valor por acção de 46,55 dólares ou a avaliação total da ypf em 18.300 milhões de dólares.

brufau considerou que não está justificado o argumento de utilidade pública e rejeita as acusações do governo argentino de que a petrolífera teve uma atitude «predadora» sobre os recursos do país.

recordando a história da repsol na argentina, brufau disse que em 1999, era o marido da actual presidente governador de santa cruz, quando a petrolífera espanhola lançou a opa sobre a ypf, avaliando na altura a empresa em 15 mil milhões de dólares.

parte da receita do investimento da repsol foi para as províncias argentinas incluindo a governada por kirchner.

«em 2008 escutando os desejos do governo argentino demos entrada a um grupo argentino (com financiamento bancário e da própria repsol). uma operação absolutamente aprovada por kirchner e a sua mulher», disse.

brufau rejeitou as críticas sobre a política de dividendos da repsol, afirmando que até finais de 2011 a empresa espanhola sempre foi saudada pelas autoridades argentinas.

a expropriação, disse, é «só uma forma de tapar a crise social e económica que a argentina enfrenta».

o responsável da repsol acrescentou que a presidente argentina se recusou a recebê-lo e acusou as autoridades do país de terem entrado nas instalações da repsol ypf, mesmo antes da chefe de estado ter terminado o seu discurso.

«entraram nas nossas instalações ao amparo de uma lei de videla, um ditador. isso não é próprio de um país moderno. a população argentina merece outra coisa», afirmou.

sobre a actuação da repsol, brufau disse que a empresa realizou 20 mil milhões de dólares de investimento, a que se soma a compra da ypf (15 mil milhões) com investimentos que desde 2006 «têm sido muito superiores aos da média da região».

na defesa da sua expropriação, o governo argentino calcula que a petrolífera espanhola recuperou já todo o dinheiro investido na ypf recebendo, além disso, receitas líquidas 8.813 milhões de dólares entre 1999 e 2011.

lusa/sol