Restaurantes ameaçam retirar multibancos se actuais taxas se mantiverem

Restaurantes, cafés e hotéis poderão retirar os multibancos como forma de pagamento caso o peso «elevadíssimo» deste custo se mantenha para as empresas, disse à Lusa o secretário-geral da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).

«as micro empresas têm dificuldade em enfrentar os custos emergentes das taxas que a sibs (sociedade interbancária de serviços) cobra em nome da banca, que são elevadíssimas», disse à lusa josé manuel esteves, acrescentando que «se a actual situação se mantiver, o que vai acontecer é que serão retirados os multibancos».

segundo o responsável da associação, as taxas cobradas a estas empresas pela utilização de multibancos são «o dobro do [que é cobrado em] espanha».

«custa quase 1 por cento das receitas», referiu, sublinhando tratar-se de um custo muito elevado «quando se tem de reduzir gastos porque o sector da restauração não aumenta os preços de venda praticamente desde que o euro» entrou em vigor.

«num momento em que há empresas a fechar, a despedir trabalhadores ou a abrir falência, todos os custos têm de ser rapados porque os consumidores não têm poder de compra e [as empresas] não podem aumentar os preços de venda», acrescentou.

um custo que os restaurantes, cafés e outras lojas estão a tentar reduzir, evitando que os consumidores optem por esta forma de pagamento.

alguns responsáveis destas empresas explicaram à lusa ter decidido colocar junto dos aparelhos o aviso «multibanco está avariado» como forma de evitar que os consumidores paguem os bens ou serviços com cartão de débito.

para josé manuel esteves, a solução passa por recuperar o mecanismo porta-moedas electrónico.

«o que nós defendemos é que para pequenas transacções, o consumidor possa utilizar o porta-moedas electrónico que não tem custos nem para o cliente nem para a empresa», disse o secretário-geral da associação.

uma alternativa que «foi criada há alguns anos, em conjunto pela ahresp e pela banca, e que consistia num cartão carregado no multibanco com quantias pequenas e que servia para pagar táxis ou cafés sem custos para o consumidor ou para a empresa», lembrou.

«quando descobriram que não havia taxas de intermediação, [o sistema] foi descontinuado e desapareceu do mercado. continuamos a perguntar-nos onde é que está», concluiu josé manuel esteves.

lusa/sol