Sargentos acusam ministro de ‘não cumprir o mandato para que foi eleito’

A Associação Nacional de Sargentos (ANS) acusou hoje o ministro da Defesa de fazer afirmações que «roçam a ofensa» e defendeu que este tem a obrigação legal de ouvir as associações militares sobre a recolocação nas carreiras.

«ficamos bastante surpreendidos com estas declarações porque não vimos no senhor ministro a preocupação em ouvir sequer o contraditório, de certeza que não ouviu a clarificação que fizemos em directo na televisão sobre esse assunto [a crítica ao fim do 5 de outubro] e está baseado em informações pouco claras, fazendo afirmações que roçam a ofensa», disse à agência lusa o sargento-chefe lima coelho.

o ministro da defesa acusou hoje «alguns movimentos associativos» de militares de fazerem política onde esta «não devia ter lugar» e de «banalizarem» protestos, exortando todos os que não sentem «vocação» a abandonarem as forças armadas.

num discurso durante um almoço da revista segurança e defesa, aguiar-branco visou implicitamente a ans, acusando-a de falar em nome de «milhares de homens e mulheres que servem na forças armadas» para «dar opiniões partidárias sobre a extinção de um feriado ou as condições salariais na função pública».

à lusa, o presidente da ans afirmou que o protesto agendado para dia 16 de outubro tem como objecto a recolocação nas carreiras de vários milhares de militares e não o 5 de outubro.

«isto não tem nada a ver com o 5 de outubro, tem a ver com uma matéria de carácter social e retributivo, como é a recolocação nas carreiras. quando o senhor ministro vai negociar com os chefes e não tem o cuidado de ouvir todas as partes que a lei obriga neste processo, então há aqui alguém que não está a cumprir o mandato para que foi eleito», afirmou antónio lima coelho.

lima coelho defendeu ainda que se aguiar-branco «tinha dúvidas» sobre as declarações da ans «podia ter convocado os dirigentes da associação».

«questionávamos e depois fazia o seu juízo, agora, estar a fazer este tipo de declaração sem ter ouvido as associações e sem cumprir o que a própria lei obriga, é inadmissível», advogou, considerando ainda «excessivo e manipulador tentar passar para a opinião pública uma imagem distorcida da realidade».

o líder da ans repudiou ainda as palavras do ministro sobre «vocação» para a instituição militar, considerando que aguiar-branco não deve referir-se dessa forma «a homens e mulheres que servem com servem o país nas forças armadas».

lusa/sol