SARS-CoV-2. À caça da nova variante

O INSA vai agora receber informação sobre os testes feitos no aeroporto, para despistar possíveis introduções no país. E o Nascer do SOL sabe que estão a ser afinados mais procedimentos para aumentar a recolha de amostras. 

A nova variante do SARS-CoV-2 que lançou o alerta na Europa já poderá estar a circular em mais países do que aqueles que a confirmaram oficialmente – além do Reino Unido, também Países Baixos, Dinamarca, Itália e Austrália. As suspeitas de uma maior transmissibilidade, entre 40% a 70% mais elevada, e o risco de se poder tornar dominante na Europa levou esta semana a decisões de última hora sobre o tráfego aéreo e reforço de medidas e vigilância no Natal.

Ainda não se sabe se este novo vírus reage de forma diferente aos anticorpos e se pode afetar a eficácia das vacinas, mas a Pfizer e a BiONTech já garantiram que, se for esse o caso, podem adaptar a vacina em seis semanas. O que, não comprometendo a vacinação, poderá dilatar os prazos. A possível maior transmissibilidade em crianças também está em investigação e até ao momento não há indícios de que cause doença mais severa. Perante a incerteza, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças reforçou ontem as recomendações aos Estados-membros para darem prioridade à sequenciação gnómica do SARS-CoV-2 – um esforço até aqui liderado pelo Reino Unido, que analisa 5% a 10% dos casos – de doentes com ligação epidemiológica às zonas onde a variante foi identificada (o grande foco é o Sul e Leste de Inglaterra) mas também onde ocorram aumentos repentinos de casos ou reinfeções. Em Portugal, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) analisou 449 vírus desta vaga, resultados apresentados esta semana e onde não foi detetada esta variante. O INSA vai agora receber informação sobre os testes feitos no aeroporto, para despistar possíveis introduções no país. E o SOL sabe que estão a ser afinados mais procedimentos para aumentar a recolha de amostras. O epidemiologista Manuel Carmo Gomes admite que a variante, tendo já ocorrência em lugares distintos, pode já estar espalhada por mais países e explicou ao SOL que, à medida que a pandemia avança e há mais barreiras, é expectável que o vírus se adapte para maior transmissibilidade. Resta perceber o impacto na doença e epidemia.