Sátira a Maomé deixa França em alerta

Depois dos protestos anti-EUA que deflagraram no mundo muçulmano nos últimos dias, um semanário satírico francês publicou esta quarta-feira um conjunto de cartoons obscenos do profeta. A segurança já foi reforçada nas instalações da publicação em Paris e nas sedes das embaixadas francesas em diversos países islâmicos.

esta quarta-feira a revista charlie hebdo voltou a reacender o medo de represálias quando publicou imagens satíricas do fundador do islamismo, desrespeitando o princípio central da religião que proíbe a representação do profeta.

na capa, sob o título ‘intocáveis 2’ (sendo que o 1 será o filme recente les intouchables, que foi um sucesso de bilheteira) pode ver-se uma representação de maomé sentado numa cadeira de rodas empurrada por um judeu. num balão de bd, o aviso: ‘não vale rir’.

receando reacções violentas por parte da comunidade islâmica, as autoridades francesas activaram de imediato um reforço geral de segurança nas embaixadas, consulados, centros culturais e escolas internacionais francesas em cerca de 20 países onde predomina a comunidade muçulmana. alguns dos edificícios vão mesmo estar fechados nos próximos dias.

na memória recente estão os protestos violentos da semana passada contra os eua, na sequência do filme amador ‘a inocência dos muçulmanos’, que ridiculariza maomé. cerca de 30 pessoas morreram, entre elas o embaixador norte-americano na líbia, christopher stevens, e três outros americanos mortos em bengazi.

mesmo estando ciente deste panorama violento, o director da revista defendeu a decisão de publicar as caricaturas recorrendo ao argumento da liberdade de expressão e de imprensa.

«se nos começarmos a questionar se temos ou não o direito de desenhar maomé a questão seguinte vai ser se podemos representar os muçulmanos num jornal. e depois talvez nos questionemos se podemos representar seres humanos, etc. no final, não poderemos representar nada. e um bando de radicais que se mobilizaram pelo mundo e em frança terão ganho», disse o director à rtl.

também o governo francês partilha da opinião do director da charlie hebdo. o ministro dos negócios estrangeiros emitiu um alerta a toda a população francesa residente em países de maioria muçulmana, apelando à «máxima vigilância». no comunicado, o ministro pedia aos emigrantes para evitarem deslocar-se a «edifícios sensíveis», como aqueles que representam o mundo ocidental.

frança é, de resto, o país que tem a maior comunidade muçulmana da europa.

sol com ap