Sinistralidade e segurança rodoviária, problema de Saúde Pública

A Associação de Médicos de Saúde Pública considerou hoje que o problema da sinistralidade rodoviária em Portugal deve ser abordado como uma questão global do país e não apenas como uma «questão policial»

num período em que se comemora mais uma edição da semana europeia da mobilidade, o responsável da associação, mário durval, reclamou uma maior colaboração entre vários agentes públicos para prevenir acidentes e identificar os factores de risco.

na sua opinião, os objectivos têm sido «colocados numa perspectiva policial, em vez de epidemiológica, ou seja qual a distribuição no espaço, no tempo, qualidade dos veículos, tipo de viaturas e contextos dos acidentes».

para o responsável, as metas, os resultados e os programas têm de ter em conta a análise de dados epidemiológicos que os médicos de saúde pública diariamente fazem.

«o que acontece é, que tem havido muita, procura de culpados e pouca de soluções para os problemas, o que tem atrasado o combate [à sinistralidade]», argumenta.

«a prevenção rodoviária não tem tido uma componente de saúde adequada e penso que se perde com isso porque falta uma análise adequada», acrescenta ainda.

há cerca de 20 anos, quando completou a sua formação, mário durval fez um trabalho sobre a epidemiologia dos acidentes e concluiu «espantosamente», ao consultar as bases de dados da psp e gnr, que o acidente típico ocorria no verão, com bom tempo, em recta, de dia, com carros novos e condutores novos.

o médico recusa ainda o recurso apenas a números absolutos como, por exemplo, diminuição de acidentes, já que tal pode acontecer porque o preço da gasolina subiu e as pessoas utilizam menos as viaturas.

por isso, para que na base das medidas tomadas haja realmente valores técnicos e científicos, o responsável lembra que o olhar da saúde pública incide geograficamente, observa densidade dos acontecimentos e relativiza com dados sobre quilómetros, veículos e áreas de circulação.

 

sol /lusa