Sismos. Açores acordaram a tremer

Durante a madrugada de ontem registou-se no arquipélago dos Açores uma atividade sísmica acima do normal: mais de 300 abalos. 

Entre a madrugada de ontem e o início da tarde foram registados nos Açores mais de 300 sismos com magnitudes que variaram entre 1,9 e 3,2 na escala de Richter.

Segundo o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), desde as 23h47 horas (hora local) “do dia 11 de fevereiro registou-se um incremento significativo da atividade sísmica” na ilha de São Miguel, nos Açores.

O CIVISA revelou ainda que desde das 8h da manhã de ontem se registaram pelo menos 28 sismos e o mais forte “ocorreu às 06h18 (hora local) e foi sentido com intensidade máxima de v na escala de Mercalli modificada”.

As ocorrências têm sido sentidas, a sul, entre Água de Pau e Povoação e, a norte, entre Rabo de Peixe e Fenais da Ajuda. No entanto, durante a tarde, o CIVISA referiu que estava a verificar-se “uma ligeira tendência de diminuição do número de eventos registados e da sua magnitude”.

Por volta das 18h de ontem, o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, citado pela agência Lusa, revelou que a atividade sísmica diminuiu, apesar de, na altura, os valores registados ainda serem superiores ao normal.

Autoridades deixam recomendações à população

Durante o dia de ontem, as autoridades estiveram a acompanhar a situação e a Proteção Civil e os bombeiros deixaram algumas recomendações à população: manter a calma, não acender fósforos ou isqueiros devido a eventuais fugas de gás, não utilizar elevadores e ainda afastar-se das janelas. Rui Luís, secretário regional da Saúde, também referiu ontem aos jornalistas que “é preciso que as pessoas mantenham a calma, as regras normais de segurança neste tipo de situações. As câmaras municipais, os serviços municipais de proteção civil já estão todos notificados e a maior parte dos bombeiros de prevenção e, portanto, é agora uma situação de mantermos todos a calma”.

Razões da crise sísmica nos açores? “Os Açores são alvo de crises sísmicas com alguma regularidade e que são semelhantes às que estão a ocorrer hoje. Na origem desta crise sísmica está a interação entre os sistemas vulcânicos e os sistemas tectónicos da ilha”, esclareceu em declarações à agência Lusa Miguel Miranda, presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. O problema é da localização, uma vez que o arquipélago se encontra numa fronteira de placa que, segundo os especialistas, tem uma velocidade de extensão, todos os anos, que varia entre os 4 e os 5 milímetros.

No entanto, este fenómeno já não é novo. Em 1522, a mesma falha tectónica originou um sismo de grandes dimensões que, consequentemente, provocou um tsunami. Este sismo foi tão forte que destruiu quase toda a população de Vila Franca do Campo. 

No entanto, o sismo com consequências mais graves que os Açores já registaram foi há cerca de 40 anos. Em 1980, um sismo de magnitude 7,2 na escala de Richter causou a morte de mais de sete dezenas de pessoas e provocou ferimentos a mais de 400. Na altura, o então Presidente da República, Ramalho Eanes, chegou mesmo a decretar três dias de luto nacional.