Sotheby’s recusou avaliar colecção Berardo

A deputada socialista Gabriela Canavilhas, ex-ministra da Cultura, disse no Parlamento que a Sotheby’s se recusou a fazer a avaliação da coleção do Museu Berardo, sem que houvesse um acordo entre o Estado e a Fundação Berardo.

o secretário de estado da cultura, francisco josé viegas, assegurou, por seu lado, que ia «proceder a essa avaliação», fosse pela sotheby’s ou por outra entidade, por entender que esse ato – a avaliação – se impõe e porque compete ao estado «vigiar e avaliar» os «investimentos que faz em fundações».

francisco josé viegas e gabriela canavilhas confrontaram-se durante a audição conjunta do secretário de estado da cultura nas comissões parlamentares do orçamento e finanças e de educação, ciência e cultura, sobre a proposta do orçamento do estado para 2012, que decorreu na sala do plenário da assembleia da república, desde as 21h00 de quinta-feira, prolongando-se durante mais de quatro horas.

a antiga ministra da cultura disse no parlamento que conhecia a missiva da sothby’s, datada de 28 de outubro passado, na qual a leiloeira e avaliadora internacional se recusava a fazer uma avaliação do acervo da coleção berardo, enquanto não houvesse um acordo entre as partes – estado e fundação berardo.

francisco josé viegas não negou a existência da carta da sotheby’s, reforçando a intenção de avaliar a colecção, fosse pela sotheby’s ou por outra entidade similar.

o secretário de estado da cultura disse ainda que entendia como «danoso» o acordo feito entre o estado e a fundação berardo.

este acordo, celebrado em 2007, enquadrou a cedência, até 2016, de um conjunto de 862 obras de arte moderna e contemporânea pelo colecionador madeirense, em regime de comodato, para a instalação do museu berardo, no antigo módulo de exposições do centro cultural de belém.

a deputada socialista perguntou ainda ao secretário de estado da cultura se tencionava prosseguir o projecto da casa das artes do porto, para a qual se previa a instalação de um pólo da cinemateca, tendo a comissão de coordenação e desenvolvimento regional do norte chegado a abrir concurso, em novembro de 2010.

francisco josé viegas foi peremptório na recusa da instalação da cinemateca nessa infraestrutura: «não é nossa intenção instalar a cinemateca na casa das artes do porto», assegurou.

nas galerias da sala de plenário da assembleia da república, assistiram à audição do secretário de estado figuras de diversas áreas da cultura, como a presidente do conselho de administração do teatro nacional d. maria ii, maria joão brilhante, a diretora do teatro meridional, natália luiza, o encenador filipe la féria, os responsáveis de empresas promotoras de espetáculos álvaro covões, da everything is new, e paulo dias, da uau, e os cavaleiros tauromáquicos joão moura e joaquim bastinhas, entre outros.

lusa/sol