Sushi…

Há uns anos entrei numa festa onde a ementa incluía sushi e em que os presentes faziam muitos risinhos envergonhados à volta da mesa. Como não era, nem sou, fã de tais iguarias levei algum tempo até perceber as razões de tantos sorrisos ‘encapotados’.

Antes disso, ainda cheguei a pensar que o sushi devia de ter alguma substância para deixar as pessoas tão bem-dispostas. De facto, as mulheres riam menos, mas, apesar disso, não o deixavam de fazer. Enquanto me deslocava ao bar – nessas festas e nalguns casamentos tenho o cuidado de jantar antes de ir para o arraial – descobri finalmente a razão da agitação. Uma modelo seminua fazia de travessa e os comensais achavam o máximo à situação. Quando o sushi acabou, a modelo levantou-se tranquilamente e foi para os camarins, onde se vestiu. No regresso à sala recordo-me que poucos a reconheceram, pois estava sem as pinturas japonesas. Lembro este episódio porque esta semana, em Espanha, um restaurante viu-se obrigado a cancelar um jantar idêntico devido a um grupo de feministas ter feito um grande protesto, obrigando os organizadores a fazer marcha-atrás no repasto de body-sushi.

O mundo está, de facto, um pouco louco. No país vizinho há bares de alterne onde o sexo é consumado nos quartos existentes nos referidos espaços; no cinema, há milhares de filmes pornográficos; na net, ‘rolam’ dezenas de exibições escabrosas de sexo; mas os de restaurantes onde mulheres e homens fazem de tabuleiro nos citados jantares, onde apenas o que acontece é o sushi estar em cima de legumes devidamente acomodados no corpo da modelo, não são recomendáveis. Dizem as tais feministas que é um «atentado contra a dignidade da mulher». Como? As modelos que posam nuas nas escolas de belas artes também sofrem um atentado com tal exposição?

Em Portugal nunca mais ouvi falar de tais festas. Hoje a ementa inclui outras especiarias e nas festas-surpresa que se realizam um pouco por todo o país, os miúdos saem com dezenas de números de telefone escritos no corpo. Rapazes e raparigas. Muitos acabam por colocar tudo na net… às vezes arrependem-se.

vitor.rainho@sol.pt