Trigo Pereira: ‘Algum retrocesso social é inevitável’ perante dimensão da crise

Os “erros do passado” que conduziram à actual crise significam que “algum retrocesso social é inevitável”, disse hoje o economista Paulo Trigo Pereira.

“Isto não é uma situação transitória, não é um estado de
emergência”, disse Trigo Pereira durante um debate sobre
“Sustentabilidade do Estado social” na Faculdade de Direito de
Lisboa. Para o economista, o actual problema de financiamento do Estado vai
prolongar-se pelas próximas décadas.

“Tivemos um tsunami de que não vamos sair nos próximos 30
anos, com a entrada da China, da Índia e do Brasil” nos mercados globais.
“A economia europeia não voltará a crescer às taxas dos anos 50 e
60.”

Simultaneamente, registou-se uma transformação na pirâmide
demográfica, afirmou o professor do Instituto Superior de Gestão de Lisboa
(ISEG).

“O rácio de dependência dos idosos [relação entre idosos e
população ativa] em 2010 estava em cerca de 25% – havia 4 activos para pagar a
pensão de um idoso. Em 2050, estará nos 60% – ou seja, nem dois activos para
pagar uma pensão”, disse Trigo Pereira.

“Ou haveria um crescimento espectacular, que não vai
haver”, ou então os benefícios do Estado terão de se reduzir – ou seja,
“algum retrocesso social é inevitável”.

Trigo Pereira dá o exemplo da suspensão do pagamento do subsídio
de Natal a pensionistas e funcionários públicos: “O 14º mês deve acabar, e
para sempre.”

Lusa/SOL