Ultimato à Síria para entrarem observadores expirou e não teve resposta

O ultimato da Liga Árabe para permitir a entrada de cerca de 500 observadores na Síria expirou nesta tarde de sexta-feira, sem nenhuma resposta de Damasco.

o ultimato de quinta-feira foi claro: a síria tinha 24 horas para aceitar livremente a missão da liga árabe. mas o final da tarde desta sexta-feira chegou sem qualquer resposta síria, avançou ahmed ben heli, secretário-geral da liga árabe.

o próximo passo será uma nova reunião com os ministros das finanças dos estados-membros da liga, agendada para este sábado, com o objectivo de decidir quais as sanções a aplicar a damasco.

entre o leque de sanções poderão constar a interrupção da totalidade das transacções financeiras, o congelamento das contas de responsáveis do governo, assim como a suspensão de voos e de negócios com o banco central da síria.

a turquia, velha aliada da síria – que agora é um dos principais críticos do regime de assad – disse que a permissão da entrada dos observadores no país seria uma «grande prova de boa vontade» do presidente sírio bashar al-assad.

a agência de notícias estatal síria, sana, desvalorizou no entanto o ultimato, declarando que a liga árabe se tornou numa «ferramenta de influência estrangeira» e que está a servir interesses do ocidente na síria.

alguns países estão mesmo a explorar a possibilidade de aplicar medidas mais drásticas que forcem a retirada de assad do poder. é o caso do ministro francês dos negócios estrangeiros, alain juppe, que apela à criação de corredores humanitários que permitam a entrada de grupos de ajuda humanitária no país.

juppe considera que grupos como a cruz vermelha poderão usar esses corredores humanitários para levar ajuda médica às cidades sírias mais afectadas pelos confrontos, como é o caso da cidade de homs. de acordo com o ministro francês, a situação na síria «não é sustentável», acusando o regime de assad de «repressão e selvajaria não vistas há muito tempo».

a violência em damasco prossegue nesta sexta-feira, com os activistas a pedirem aos manifestantes para inundarem as ruas em jeito de apoio aos soldados que deixaram o exército para se aliarem à oposição.

a síria tem sido cenário de batalha nos últimos oito meses, onde se têm registado os maiores conflitos armados desde a revolta que depôs o presidente hosni mubarak, em fevereiro. de acordo com as nações unidas, já morreram mais de 3500 pessoas.

depois de uma suspensão da liga árabe e de uma condenação geral, nomeadamente por parte da china e da rússia, a síria enfrenta agora um ultimato dos seus antigos aliados. um ultimato que é, no mínimo, humilhante, para um país que foi um dos fundadores da própria liga dos estados árabes.

ap/sol