Em tempos de crescente preocupação com a escassez de água, países de todo o mundo têm desenvolvido estratégias inovadoras para gerir este recurso essencial. Alfredo Graça, coordenador da Meteored Portugal, explicaaquilo que está em causa.
Consideradas “milagres da engenharia”, estas barragens estão entre as dez maiores do mundo. A lista tem em conta a capacidade de cada barragem de gerar eletricidade e o seu tamanho.
O alerta é dado por vários especialistas do setor e há quem defenda uma discussão sobre a gestão da água, que modelo económico deveremos escolher e quais as políticas públicas a seguir.
Existe um plano especial de emergência para a barragem de Santa Luzia, mas isso não significa que haja perigo de rutura. Todas as barragens são obrigadas a ter esse plano.
No Algarve já foi “ultrapassada a previsão de armazenamento de água de superfície nas bacias”, sendo que a região tem “níveis de água suficientes para os próximos anos”.
Nas últimas décadas, a frequência de secas meteorológicas tem aumentado em Portugal. Mas as cheias fazem mais estragos: representam cerca de 80% das indemnizações por catástrofes naturais no país.
“Entre as barragens mais produtivas destacam-se a de Gouvães com 35% do total, e as de Alqueva e Venda Nova/Frades, com 20% cada”
Contudo, existem 5 barragens que permanecem no vermelho, por terem um volume de armazenamento inferior a 20%.
“Embora algumas albufeiras estejam acima da média histórica, várias ainda apresentam volumes muito inferiores”, explica o climatólogo e investigador Hélder Lopes.
“Houve aquele célebre despacho que determinou que uma série de barragens deixasse de turbinar. Agora, pelos vistos, há água com fartura”, observa o Professor Catedrático Clemente Nunes.
Barragens voltaram a encher no Norte e no Centro do país. Mas os prejuízos vão-se avultando e na zona da Grande Lisboa há que contar ainda com as perdas da semana passada. Seguradoras já estão no terreno.
Sado, Mira, Arade e Sotavento Algarvio apresentam, segundo o relatório da APA, valores inferiores a 40%. Já o Barlavento Algarvio gera preocupação com 9,2%.
Na zona norte do país, segundo a informação no ‘site’ da AMN, está encerrada a barra marítima de Esposende e condicionadas as barras da Póvoa do Varzim, de Vila do Conde e da Figueira da Foz. Já no Centro está fechada a barra do Portinho da Ericeira.
“Temos as sirenes todas a apitar”, avisa Pedro Santos, agrónomo que integra o Observatório da Sustentabilidade da SEDES, pedindo aos cidadãos e aos governantes que prestem atenção às barragens.
Os armazenamentos, por bacia hidrográfica, apresentam-se inferiores às médias de armazenamento do mês de novembro dos últimos 22 anos.
Níveis de precipitação foram muito elevados nos últimos dias, mas por exemplo a Barragem de Castelo de Bode não viu subir a cota na segunda-feira, nem a barragem do Alto Lindoso.
APA vai definir caudais mínimos para produção elétrica. Medidas para poupar energia só no Estado.
As palavras são do ministro do Ambiente. E se o cenário não melhorar, a situação pode tornar-se mais crítica nos próximos meses: barragens têm muito menos água do que há um ano.
O secretário-geral da CAP defende esta é a solução para Portugal continuar a produzir e diz que os 1634 milhões do PRR deviam ser canalizados para este plano.