O PS já entregou à coligação PSD/CDS a carta com a apreciação crítica às que foram propostas apresentadas por sociais-democratas e centristas na reunião de terça-feira e que terminou sem acordo, disse hoje à Lusa fonte socialista.
“Até hoje” não chegou às mãos da coligação “uma só linha do PS a dizer que ideias são relevantes”, denunciou o vice-primeiro-ministro e líder do CDS, à saída da reunião com a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) numa alusão ao impasse nas negociações entre a coligação Portugal à Frente (PàF) e o PS.
A coligação anunciou uma ronda pelos parceiros sociais, que começa esta sexta-feira com os patrões da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) e da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP).
O Cardeal Patriarca de Lisboa defendeu que o próximo governo deverá sair, preferencialmente, de um acordo entre a coligação PSD-CDS e o PS e alertou que a instabilidade pós-eleitoral pode pôr em causa a consolidação alcançada.
“A melhor solução para o país e para o PS é a coligação formar governo. E o PS assumir de forma clara e responsável a liderança da oposição, dialogando sempre com os partidos à sua direita e à sua esquerda”, defendeu ontem Francisco Assis, em entrevista à RTP3.
Já está apurado o resultado dos votos da emigração. No círculo da Europa, PàF e PS dividiram os dois deputados que são eleitos.
Passos Coelho está convencido de que é a PàF quem tem mais legitimidade e mais condições para formar governo. Depois de esta quarta-feira ter dado um murro na mesa, dizendo que não tenciona voltar a reunir com António Costa, o líder do PSD prepara-se para dar o próximo passo.
São cada vez mais os sinais de que muito dificilmente a coligação Portugal à Frente (PàF) e o PS conseguirão chegar a um acordo para viabilizar um governo do PSD e do CDS.
“É evidente que o PS está a fazer uma simultânea de xadrez: ao mesmo tempo que alimenta conversas à sua esquerda, mantém a negociação com a coligação”, interpretou António Vitorino, ontem à noite, na SIC Notícias.
Passos acabou a reunião com António Costa sem saber o que quer afinal o líder socialista para viabilizar não apenas o programa de Governo, mas também os Orçamentos do Estado dos próximos quatro anos. “Ceder em quê?”, perguntava-se Passos Coelho no final do encontro no Largo do Rato, explicando que para fazer cedências era preciso…
O presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal considera que a maioria dos portugueses que votaram a 4 de outubro optaram pela “estabilidade governativa” e não por um entendimento do PS com os partidos à esquerda. António Saraiva defende um acordo entre os socialistas e a coligação PSD-CDS para a formação de um Governo…
Com António Costa cada vez mais próximo do PCP e do BE e a afirmar que “o PS está em melhores condições para formar governo”, na coligação vão sendo cada vez mais evidentes os sinais de nervosismo.
A reunião desta tarde com António Costa pode estar a ser vista na coligação como decisiva para saber se as negociações entre PàF e PS têm de facto condições para chegar a bom porto, mas nem por isso o líder socialista vai suspender o diálogo à esquerda.
Conseguir ficar na fotografia como os que fizeram tudo para que houvesse acordo com o PS, é o objetivo principal de Passos Coelho e Paulo Portas.
O nome do “documento facilitador” que Passos Coelho enviou ontem a António Costa parece indicar uma vontade de chegar a acordo. Mas a hora a que foi enviado denuncia a tensão que se tem vivido entre a coligação e o PS nos últimos dias.
O secretário-geral do PS propôs ontem aos líderes da coligação PSD/CDS que a reunião sobre soluções de Governo no novo quadro parlamentar se realize na terça-feira, pelas 18h00 horas, disse à agência Lusa fonte oficial socialista.