A ideia partiu de Frederico Lourenço: tornar a Bíblia matéria de estudo, sob uma perspetiva não-confessional, à semelhança do que as grandes universidades têm feito lá fora. Francisco José Viegas saltou sobre a proposta e bateu-se por ela, conseguindo fazer desta edição em vários volumes um inesperado best-seller.
A ideia partiu de Frederico Lourenço: tornar a Bíblia matéria de estudo, sob uma perspectiva não-confessional, à semelhança do que as grandes universidades têm feito lá fora. Francisco José Viegas saltou sobre a proposta e bateu-se por ela, conseguindo fazer desta edição em vários volumes um inesperado best-seller
A Quetzal acaba de publicar uma nova versão da tradução de Frederico Lourenço da Odisseia. ‘Não existem traduções perfeitas’, avisa o helenista, mas esta foi aperfeiçoada e apresenta 300 novas páginas de notas e comentários.
A traduzir a Bíblia do grego desde 2014, Frederico Lourenço continua 100% dedicado à sua missão. Lamenta já não ter tempo para tocar cravo, por exemplo, mas sente que o atual projeto é fundamental para o que quer fazer a seguir:escrever a «história dos dois primeiros séculos do cristianismo».
Enquanto arte, a tradução vive de um pacto entre a erudição e o instinto, uma ciência da intuição, que firma no invísivel uma ponte entre duas línguas, duas tradições imparáveis, que vêem entre elas forjar-se um elo sensível tão mais forte quanto capaz de comunicar os abalos dos seus contrastes.
Foi uma distinção que a muitos alegrou e que terá surpreendido poucos.
Júri do Prémio Pessoa salienta que o trabalho de Lourenço “é caracterizado pela variedade de interesses e realizações que incluem, para além da centralidades dos estudos clássicos, a música, o romance, a poesia, o teatro, o ensaio, os estudos bizantinos, a germanista e a história da dança”.
Frederico Lourenço já era autor de traduções aclamadas da Ilíada e da Odisseia e pensou fazer o mesmo com o Evangelho de João, o seu texto favorito. Mas aos poucos foi colocando a fasquia mais alta e acabou por decidir traduzir toda a Bíblia Grega. O primeiro dos seis volumes, dedicado aos quatro Evangelhos, já está…
O tradutor, escritor e académico Frederico Lourenço é o Prémio Pessoa 2016. Este prémio pretende distinguir uma pessoa que tenha sido “protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país”