Na morte de Milan Kundera seria mais justo que, em vez de nos entregarmos aos fastidiosos protocolos das despedidas, revirássemos o necrológio, relembrando como o romancista assinou o obituário do Ocidente dos tempos modernos.
A sua obra A insustentável leveza do ser é aclamada pelos leitores e pela crítica mundial.
A Trilogia de Copenhaga (1967-1971), de Tove Ditlevsen, antecedeu em muitos anos os exemplos hoje apreciados da chamada auto-ficção: Knausgårde, Rachel Cusk ou Deborah Levy, e mesmo de Annie Ernaux.
Haruki Murakami, eterno candidato ao Nobel, junta-se a autores como Amin Maalouf, Margaret Atwood, Paul Auster e Susan Sontag.
Morreu no dia 19 deste mês, aos 73 anos, um dos mais virtuosos estilistas da língua inglesa, um romancista admirável, mas, sobretudo, um formidável crítico literário e um grande antagonista da presunçosa afectação dos escritores contemporâneos, dessa torrente da prosa sentimentalona, regurgitando clichés, tautologias e lugares comuns.
Mais do que a consciência moral daquela nação que sofreu uma humilhação e uma derrota devastadoras na II Guerra Mundial, Kenzaburo Oe forçou o Japão a sentir a vergonha e a culpa por uma série de actos criminosos no seu passado recente, ao mesmo tempo que se bateu para travar o renovado ímpeto nacionalista das…
Aos 95 anos, o célebre autor de O Macaco Nu continua a pintar e a escrever até de madrugada. A propósito das suas memórias, Desmond Morris recorda momentos decisivos da sua vida, como quando visitou a gruta de Lascaux, e revela o segredo da sua prodigiosa produtividade.
As alterações foram feitas, sobretudo, nas descrições sobre a aparência física das personagens, onde entravam palavras como “gordo” e “feio”.
É poeta e ficcionista e tem vindo a construir uma obra de pessoalíssima voz. Nasceu em 1941 em Chacim, uma antiga vila de Macedo de Cavaleiros e é conhecido o seu desapego pelas grandes cidades e pela via rápida (tantas vezes efémera ou imediatamente mortal) do produto desnacionalizado.
Nascido em São Paulo, no Brasil, em 1960, escritor e artista plástico, é também encenador, compositor e ensaísta. O seu trabalho tem sido distinguido por toda a parte, e teve por cá editado pela Cotovia o magnífico “Ó”, uma obra inclassificável, de uma graça expressiva e de uma voracidade de instinto que superam o melhor…
Numa conversa em sua casa, a historiadora falou sobre o seu percurso, o momento atual e as razões do atraso português.
Nélida Pinõn foi a primeira mulher a presidir à Academia Brasileira de Letras. Morreu no sábado, aos 85 anos.
Um vigilante e um desmistificador, detendo-se em questões tanto da arte e da literatura, como da história, da sociologia e da política, este enormíssimo ensaísta e poeta alemão morreu na passada sexta-feira, aos 93 anos.
Há exatamente um século, a 18 de novembro de 1922, o tempo parou. A existência de Marcel Proust, o escritor que isolou esse elemento fugidio que se mede por minutos, horas, dias e anos, chegou a um ponto final.
Como um advogado dos pecadores, loucos e desejosos frente ao tribunal da santa inquisição dos nossos dias, em O Ponto G do Homem um antropólogo italiano monta também uma defesa em causa própria, sinalizando o conteúdo ilícito e oracular do desejo e recusando a letra escarlate que se tem imposto à condição masculina.
Quarto autor brasileiro a receber esta distinção.
Especialista em Grécia antiga, Mendelsohn oferece-nos uma versão mais ligeira e optimista das deambulações de Sebald através de um espaço físico e psicológico marcado pela destruição.
Cabe à literatura puxar os assuntos que todos procuram evitar. E no romance A História de Roma, Bértholo concebeu uma cativante narrativa íntima que, a partir dos problemas que levanta a maternidade, nos faz enfrentar as questões mais duras que hoje se nos colocam.