Alfarrabista e crítico literário, em vez de outra fanfarronada de quem se propõe vir agora exumar a lenda, Bobone disseca as especulações e faz um ponto de ordem depois de 400 anos em que Camões foi sobretudo um espelho dos seus intérpretes.
Numa conversa a propósito do 10 de Junho e de uma nova antologia de Camões, Frederico Lourenço e Francisco José Viegas falaram sobre a vida do poeta, a forma como Os Lusíadas foram lidos ao longo dos séculos e a outra obra mítica da literatura portuguesa.
Os 500 anos deste poeta cujo canto se viu atado à pátria e submergido exigiriam uma atualização, atendendo ao seu efeito de rutura e denúncia, àquela ciência sonora aprendida com o mar e a sua infindável viagem, que continua a incitar-nos a largar amarras para só regressarmos inspirados de um verdadeiro ímpeto de vingança.