55 anos (acabados de completar) depois da morte de Júlio Dantas (1876-1962) e mais de um século passado sobre o Manifesto Anti-Dantas, ao sopro do seu nome continua a erguer-se um boneco saído do molde onde Almada verteu irreverência nunca vista e o veneno destrutivo de uma geração que tinha pressa.
O futurismo italiano marcou a eclosão das vanguardas históricas no século passado, e na sua exaltação da tecnologia, da juventude e da violência, influenciou de forma profunda as artes em todo o mundo e o próprio modernismo português
Figura maior do Primeiro Modernismo e da vida cultural portuguesa, seguramente uma das mais dinâmicas e criativas do século XX, Almada Negreiros não nasceu para satisfazer os gostos da sociedade burguesa da Primeira República, mas para abalar, com agressão e espectacularidade futuristas, a mentalidade artística do seu país (natural de S. Tomé e Príncipe, dizia-se…
Inaugura-se hoje uma ampla retrospectiva do grande modernista português que, contando com mais de quatro centenas de trabalhos, muitos deles inéditos, consegue captar a diferença que fez de Almada um “poliglota das artes”, alguém que ainda hoje protesta contra todas as formas de fazer dele uma figura do passado