Quase 900 anos a dar com a língua nos dentes e o português é ainda um idioma bastante púdico, envergonhado, com dificuldade em deixar os rodeios e passar ao que interessa.
Júlio Resende e Salvador Sobral foram buscar o amigo imaginário dé Fernando Pessoa e, da sua rebeldia adolescente, fizeram uma liturgia assombrosa dedicada aos que renegaram os deuses frívolos e os ídolos banais deste tempo
Meio século depois, a Tinta-da-China recupera uma das obras de culto da poesia contemporânea portuguesa. “Poemas Quotidianos”, do poeta e cineasta António Reis, faz regressar ao nosso convívio uma voz que precisou de apenas cem breves poemas para falar a essa altura em que todos podem ouvi-la claramente, mas que se fixa em nós como…
Se o filme de Jim Jarmusch é um tão grande triunfo, isso não se deve apenas ao talento do cineasta, mas começa pela excelente tradução para o ecrã da obra de um dos maiores poetas do século XX
Rui Nunes carrega a consciência de uma segunda geração das vítimas dos genocídios, dos filhos que tiveram de aprender a falar a partir do silêncio dos pais, e que se tornaram eternas testemunhas de acusação
Morreu a 2 de julho de 2004, há 13 anos, Sophia de Mello Breyner Andresen, alguém que fez da poesia uma forma de vida ou «a forma da vida» e da essencialidade uma busca sem limites, fundindo ética e estética, harmoniosamente conjugadas com os valores do humanismo cristão.
“Tardio” é o seu segundo livro de poemas, ora elipticamente narrados, ora presos em descrições cifradas. Move-se longe daquele confessionalismo escancarado que não deixa pedra por virar nem ponta por unir.
Passados 20 anos sobre a morte do poeta, não é preciso lembrar uma obra que ninguém esqueceu, e que, para isso, pôde prescindir de todos os subsídios de inserção académicos.
“Depois de uma noite agitada, um escaravelho terrível acorda metamorfoseado no autor destas linhas”, escreveu Al Berto, poeta que tem sobrevivido a tudo, mesmo à bomba atómica da inveja do nosso meio literário
A “Os Lusíadas Para Gente Nova”, adaptados por Vasco Graça Moura, nada falta. Têm arte, engenho, a técnica, que vem render a musa clássica, e até uma “ilha do amor de cinco estrelas”, cheia de ninfas com “maminhas a saltar duas a duas/ Belos rabinhos, bocas de rubi”.
Na reação à atribuição do Prémio Camões a Manuel Alegre, como é natural, os maiores elogios vieram das figuras oficiais.
A Antígona acaba de reeditar “Uma Faca nos Dentes”, reunião da obra de Forte, uma obra breve mas de um fulgor exemplar, que continua a defender-se “à dentada da vida proletária, aristocrática, burguesa”, como continua a dizer-nos que talvez se escreva hoje demais para fugir à evidência de que “ainda não há uma granada/ ainda…
Lá no Brasil, antes de vir para cá, dizia que não ia estar fora mas dentro. Veio para passar seis meses, dar aulas como quem faz vento, e logo em Coimbra, tão precisada de correntes de ar. Na Universidade, tem um auditório com lugar para 500 pessoas que acaba por parecer pequeno. Entretanto, lançou em Portugal uma antologia…
A estreia “tardia” de Rosa Oliveira na poesia marcou também o arranque da coleção de poesia da Tinta-da-China. Nascida em Viseu, em 1958, a par dos talentos de leitora, os seus poemas usam a literatura, a música ou o cinema, como estratégia para esclarecer a sua própria biografia, entrando e saindo, reencenando-a
A amizade com Lobo Antunes mudou-lhe a vida. Viveu em casa do romancista que ainda fez uso dos seus conhecimentos de psiquiatria e ajudou Flamand a lidar com as feridas enquanto “prisioneiro de Ceausescu”. Agora, tem pela segunda vez um livro de poemas editado em Portugal, o seu melhor, diz Lobo Antunes
O futurismo italiano marcou a eclosão das vanguardas históricas no século passado, e na sua exaltação da tecnologia, da juventude e da violência, influenciou de forma profunda as artes em todo o mundo e o próprio modernismo português
Jacques Roubaud tem 85 anos, nasceu em 1932 em Carcassone. Poeta maior. Mas também ensaísta, romancista e matemático