Deste poeta-pintor sempre se pôde esperar o inesperado. Figura maior do Grupo Surrealista de Lisboa, insurgiu-se contra o seu próprio nome, recusando uma identidade socialmente imposta para se assumir enquanto poeta, para viver livremente em poesia
Ao contrário do Brasil, Portugal não teve até hoje a oportunidade de ler mais do que alguns poemas dispersos de uma obra incontornável do século XX, e que conquistou o Nobel da Literatura em 1992
Poeta de pessoalíssima voz, antologiador e tradutor talentoso, Sousa Braga é avesso a circuitos promocionais, a escaparates (e a visões de superfície) que fazem da literatura mais um produto de uma cultura tendencialmente pobre
Desejaria «Morrer jovem / E de rosas coroado!», mas acabou por falecer aos 62 anos no Rio de Janeiro, a 16 de Março de 1959.
Assídua do templo e do botequim, Natália Correia (13 de Setembro de 1923 – 16 de Março de 1993) exorcizou a cruz do cristianismo e celebrou o feminino. Propiciou amores, alguns deles célebres, como os de Francisco Sá Carneiro e Snu Abcassis. Protegeu amantes, defendeu o consórcio amoroso entre Portugal e Espanha (Somos Todos Hispanos, 1988) e casou astros,…
Da poesia como exercício solene guarda Jorge Sousa Braga prudentes distâncias e passa ao largo das normas convencionais da beleza dita “poética”, adoptando frequentemente um registo prosaico e um humor irónico com diferentes graus de acidez.
O novo livro de ensaios de Helder Macedo segue a mais alta linha de cumes da nossa literatura, de D. Dinis a Herberto Helder, imprimindo-lhe um olhar de inovação renovada
David Mourão-Ferreira (24 de Fevereiro de 1927 – 16 de Junho de 1996): um nome de grande ressonância na literatura e na cena cultural portuguesa do século XX. Dele se disse já que foi o Príncipe das Letras do seu tempo e, nesse mesmo tempo, o desejado das Letras, a estruturarem quase inteiramente o seu…
Rebelou-se contra a ditadura monótona dos corpos vestidos, celebrou o corpo e a experiência erótica. Tomou em mãos uma tarefa tipicamente masculina ao escrever Dezanove Recantos, a epopeia de que o seu tempo precisava.
Completam-se hoje vinte anos sobre a morte de Rómulo de Carvalho / António Gedeão. Assim, lado a lado, que um sempre caminhou a par do outro, unindo, de modo exemplar, o que a nossa tradição então persistia em separar: a ciência e a literatura, o pensar e o sentir, a vida e o sonho.
Foi há 32 anos que partiu o «poeta militante». Aos grandes acontecimentos históricos, a inspirarem-lhe muitas vezes «apenas poema e meio», soube contrapor a realidade estimulante de todos os dias.
Chega a Portugal uma nova antologia que vinca a componente religiosa da grande poeta brasileira que injustamente chegou a ser considerada mais “uma catequista do que uma escritora”
Foi no virar do milénio que Vasco Gato começou a publicar. Tinha 22 anos e um prémio levou à sua entrada em cena naquela que era, à época, a mais prestigiada editora de poesia portuguesa, a Assírio & Alvim. Hoje, com 38 anos e 12 livros de poesia, a maioria deles esgotados, aceitou a proposta…
Acolheu a vida íntima de um largo leque de personagens, do bobo ao rei, do inspector ao ladrão, de Santo António, entre girls, às figuras com pés de barro da vida nacional. Todas lhe infundiam medos muitos enquanto não chegava o público. «Onde não há público não há êxito», costumava dizer.
A imaginação criativa exuberante e a capacidade de indignação valeram-lhe o título de l’enfant terrible da nossa cena musical.
Poeta de inegável presença canónica na poesia portuguesa do século XX, Eugénio de Andrade fez das palavras o ofício de uma vida e da poesia uma «arte de música». Faria hoje 94 anos.
Rui Lage encerra com “Estrada Nacional” um ciclo poético que das paisagens rurais faz o túmulo doce de um certo país a que dissemos adeus
Poeta, tradutor, ensaísta, cronista, ficcionista, dramaturgo e o mais que o talento versátil e o trabalho disciplinado consentiam: letras para fados, prefácios e textos críticos, antologias, batalhas por ideias.