A filha de Pulido Valente ameaçou processá-lo, a neta de Cunhal disse ‘cobras e lagartos’ dele, Saramago perguntou-lhe se ele era maluco e Lobo Antunes deitou os seus livros para o lixo. ‘Já tive experiências dramáticas’, recorda Céu e Silva, que acaba de dedicar um livro a Maria Filomena Mónica.
Como sempre acontece quando morre alguém conhecido, Vasco Pulido Valente tornou-se, depois da morte, uma figura consensual, amada e respeitada por todos. Antes, era detestado nos mais variados quadrantes (e ele fazia por isso, convenhamos). Depois, passou a ser um génio e um santo – independente, corajoso, brilhante. Os meus leitores sabem que nunca fiz…
No dia em que fez 79 anos, morreu o cronista que há mais tempo detinha um posto sobranceiro de vigia entre nós. As muitas desilusões com a própria vida ligaram-se ao desencantamento com o país na sua prodigiosa missa negra.
Última entrevista do escritor ao jornal i.
Do alto dos seus 75 anos pode dizer que poucos entraram em tantas guerras, de palavras, como ele. Somou inimigos mas também admiradores. ‘Ganhou’ o ‘prémio’ de palavra do ano com a sua invenção da geringonça.