Viver Para Contar



  • A livraria e o cabeleireiro

    Nasci numa casa em Belém – um casarão com vista para o então Jardim Colonial, hoje Jardim Botânico Tropical. Nessa altura, os bebés em Lisboa já nasciam quase todos na maternidade – em geral, na Alfredo da Costa, havendo por isso tanta gente natural da freguesia de S. Sebastião da Pedreira – mas eu fui…

    A livraria e o cabeleireiro

  • Esta não é a solução

    A imagem de um menino morto, caído de bruços sobre a areia numa praia de Bodrum, na Turquia, fez mais pela causa dos refugiados do que centenas de corpos de homens e mulheres sem vida a boiar nas águas do Mediterrâneo. Escreveram-se em todo o mundo textos emocionados. A Europa foi encostada à parede, exigindo-se-lhe a…

    Esta não é a solução

  • A inveja dos ricos

    Dando notícia do ranking dos portugueses mais ricos em 2014, o jornal Correio da Manhã exibia há tempos na primeira página o seguinte título: Maiores fortunas ganham 400 milhões. No mesmo dia, o Diário de Notícias, também na página de rosto, escrevia o seguinte: Dez mais ricos de Portugal perderam mil milhões.


  • O mistério das sms

    A primeira dúvida que tive ao começar este texto foi se devia escrever ‘dos sms’ ou ‘das sms’. Sempre usei a sigla sms no masculino e ninguém me corrigiu, mas hoje vejo toda a gente dizer ‘uma sms’. E, pensando bem, sendo a sigla sms as iniciais de Short Message Service, o que nós fazemos…

    O mistério das sms

  • Actores, actrizes e a vida real

    No restaurante onde almoçávamos havia dois aparelhos de televisão em cantos opostos da sala, transmitindo programas diferentes. Num deles passava uma telenovela com Rogério Samora e Alexandra Lencastre.

    Actores, actrizes e a vida real

  • O voo da águia

    Na semana passada o Benfica ganhou o 34.º título nacional, repetindo o êxito da última época. Foi uma data histórica para o clube, por todas as razões e mais duas. Primeiro, porque nos últimos 30 anos nunca fora bicampeão. Depois, porque marca simbolicamente o fim de três décadas de hegemonia do futebol português por parte…

    O voo da águia

  • Uma questão de fé

    Há cerca de mês e meio passei à porta da prisão de Évora onde está José Sócrates. Era um domingo e não se via ninguém. O conjunto prisional forma um extenso rectângulo limitado por um muro branco, não muito alto, e situa-se num bairro periférico incaracterístico. Pendurado nas letras metálicas onde se lia ‘Estabelecimento Prisional…

    Uma questão de fé

  • Dois novos presidentes

    Há uns meses fui pela primeira vez ao Museu da Presidência da República, no Palácio de Belém (embora com entrada autónoma pela Praça Afonso de Albuquerque).

    Dois novos presidentes

  • O preso que assaltava bancos

    O Correio da Manhã publica coisas horríveis, com as quais me não identifico minimamente e que chegam a causar-me repulsa, mas também tem notícias interessantes que nenhum outro jornal traz. Um destes dias deparei-me com esta notícia extraordinária:

    O preso que assaltava bancos

  • O Paco partiu em viagem

    O veterinário rapou-lhe os pêlos de uma das patas dianteiras com uma máquina eléctrica, disse à enfermeira para lhe fazer um garrote de modo a evidenciar a veia, espetou-lhe a agulha e começou a empurrar o êmbolo da seringa. Eu desejei que aquilo acabasse depressa. O meu filho mais velho abraçava o Paco e eu…

    O Paco partiu em viagem

  • O terceiro round

    Quando Sócrates foi preso, metade do país reagiu com júbilo e outra metade com consternação. Houve até algumas manifestações de revolta: “Como se pode prender assim um ex-primeiro-ministro?” – vociferaram algumas figuras, mostrando a sua incredulidade. Numa estação de TV, um comentador previa que, depois de ser ouvido pelo juiz, Sócrates sairia em liberdade, viria…

    O terceiro round

  • Pobrete mas alegrete

    No tempo do salazarismo, elogiava-se a pobreza. Elogiar não será a palavra certa. Mas como o país era muito pobre, e a oposição usava (naturalmente) essa realidade como uma arma contra o Regime, este defendia-se dizendo que a pobreza não era necessariamente uma desgraça.

    Pobrete mas alegrete

  • Letras na madrugada

    De madrugada, aí a partir da 1h00, os canais privados passam a transmitir uns programas – se assim se podem chamar – que consistem numas charadas que os telespectadores são convidados a resolver.

    Letras na madrugada

  • A pior vendedora do mundo

    Cheguei junto ao balcão onde estavam duas empregadas a conversar. Eram muito jovens – rondariam os 20 anos – e tinham as cabeças baixas, embora fosse impossível não terem dado pela minha chegada, pois eu estava a uns escassos 50 centímetros delas: só nos separava mesmo a largura do balcão. Mas não olharam para mim.…

    A pior vendedora do mundo

  • Pleonasmos

    Entre as dezenas de e-mails que recebo diariamente, a maior parte tem um destino óbvio: o caixote do lixo. Será assim com toda a gente. Mas há alguns que guardo, como foi o caso deste.

    Pleonasmos

  • Uma aristocracia na democracia

    O regime democrático iniciado em 1974 dispõe já de uma legião de condecorados com os graus das várias ordens honoríficas. Todos os anos há verdadeiras levas de pessoas distinguidas. Mas também houve quem recusasse a distinção. Lembro-me de José Manuel Tengarrinha, líder do extinto MDP/CDE, me ter telefonado um dia a dar em primeira mão…

    Uma aristocracia na democracia

  • Já não basta ganhar

    Muita gente que durante a sua vida só tratou de assuntos ‘sérios’ – como a política ou a cultura – de há uns anos para cá começou a falar de futebol. Ao sabor da memória (e não ignorando que alguns já se retiraram) recordo os nomes de Pedro Santana Lopes, Fernando Seara, Rui Gomes da…

    Já não basta ganhar

  • O prazer de debater

    A propósito do artigo ‘As mulheres são mais felizes?’, aqui publicado há quatro semanas, onde eu escrevia que hoje as mulheres são sem dúvida mais independentes, mais realizadas profissionalmente, mas não necessariamente mais felizes, Lídia Jorge escreveu-me um e-mail do qual, com a sua permissão, publico os extractos principais. Começava por dizer: “Estou em desacordo…

    O prazer de debater