Vargas Llosa apaixonou-se pelo próprio objeto da sua crítica. Deslumbrou-se com aquilo que ainda há pouco denunciava com crueza.
Fiquei atónito ao ouvir, um dia destes, Freitas do Amaral defender a entrada do Partido Comunista para o Governo.
No liceu fui sempre um aluno razoável – nunca fui um aluno extraordinário. Estive sempre na Turma A (a dos melhores alunos) e nunca chumbei um ano. Mas também nunca fui o melhor da turma, longe disso, nem nunca tive essa ambição.
No liceu fui sempre um aluno razoável – nunca fui um aluno extraordinário. Estive sempre na Turma A (a dos melhores alunos) e nunca chumbei um ano. Mas também nunca fui o melhor da turma, longe disso, nem nunca tive essa ambição.
Fernando Namora, médico-escritor, deixou registado em vários romances – mas sobretudo em Retalhos da Vida de um Médico – um modelo de exercício da profissão que praticou em jovem: o de médico de aldeia.
Hoje, na classe média, toda a gente foge dos fritos. O bife é sempre grelhado. E o peixe idem. Nos restaurantes ouvimos os clientes (e as clientes) pedirem salmão grelhado, robalo grelhado, dourada grelhada, peixe-espada grelhado – e só se sai dos grelhados para os cozidos: uma pescada cozida, uma garoupa cozida, uma corvina cozida.
Nasci numa casa em Belém – um casarão com vista para o então Jardim Colonial, hoje Jardim Botânico Tropical. Nessa altura, os bebés em Lisboa já nasciam quase todos na maternidade – em geral, na Alfredo da Costa, havendo por isso tanta gente natural da freguesia de S. Sebastião da Pedreira – mas eu fui…
A imagem de um menino morto, caído de bruços sobre a areia numa praia de Bodrum, na Turquia, fez mais pela causa dos refugiados do que centenas de corpos de homens e mulheres sem vida a boiar nas águas do Mediterrâneo. Escreveram-se em todo o mundo textos emocionados. A Europa foi encostada à parede, exigindo-se-lhe a…
Dando notícia do ranking dos portugueses mais ricos em 2014, o jornal Correio da Manhã exibia há tempos na primeira página o seguinte título: Maiores fortunas ganham 400 milhões. No mesmo dia, o Diário de Notícias, também na página de rosto, escrevia o seguinte: Dez mais ricos de Portugal perderam mil milhões.
A primeira dúvida que tive ao começar este texto foi se devia escrever ‘dos sms’ ou ‘das sms’. Sempre usei a sigla sms no masculino e ninguém me corrigiu, mas hoje vejo toda a gente dizer ‘uma sms’. E, pensando bem, sendo a sigla sms as iniciais de Short Message Service, o que nós fazemos…
No restaurante onde almoçávamos havia dois aparelhos de televisão em cantos opostos da sala, transmitindo programas diferentes. Num deles passava uma telenovela com Rogério Samora e Alexandra Lencastre.
Na semana passada o Benfica ganhou o 34.º título nacional, repetindo o êxito da última época. Foi uma data histórica para o clube, por todas as razões e mais duas. Primeiro, porque nos últimos 30 anos nunca fora bicampeão. Depois, porque marca simbolicamente o fim de três décadas de hegemonia do futebol português por parte…
Há cerca de mês e meio passei à porta da prisão de Évora onde está José Sócrates. Era um domingo e não se via ninguém. O conjunto prisional forma um extenso rectângulo limitado por um muro branco, não muito alto, e situa-se num bairro periférico incaracterístico. Pendurado nas letras metálicas onde se lia ‘Estabelecimento Prisional…
Há uns meses fui pela primeira vez ao Museu da Presidência da República, no Palácio de Belém (embora com entrada autónoma pela Praça Afonso de Albuquerque).
O Correio da Manhã publica coisas horríveis, com as quais me não identifico minimamente e que chegam a causar-me repulsa, mas também tem notícias interessantes que nenhum outro jornal traz. Um destes dias deparei-me com esta notícia extraordinária:
O veterinário rapou-lhe os pêlos de uma das patas dianteiras com uma máquina eléctrica, disse à enfermeira para lhe fazer um garrote de modo a evidenciar a veia, espetou-lhe a agulha e começou a empurrar o êmbolo da seringa. Eu desejei que aquilo acabasse depressa. O meu filho mais velho abraçava o Paco e eu…
Quando Sócrates foi preso, metade do país reagiu com júbilo e outra metade com consternação. Houve até algumas manifestações de revolta: “Como se pode prender assim um ex-primeiro-ministro?” – vociferaram algumas figuras, mostrando a sua incredulidade. Numa estação de TV, um comentador previa que, depois de ser ouvido pelo juiz, Sócrates sairia em liberdade, viria…
No tempo do salazarismo, elogiava-se a pobreza. Elogiar não será a palavra certa. Mas como o país era muito pobre, e a oposição usava (naturalmente) essa realidade como uma arma contra o Regime, este defendia-se dizendo que a pobreza não era necessariamente uma desgraça.