Foi um Carnaval estranho este que passou. Nas ruas da cidade não havia a agitação habitual para uma terça-feira, mas também não se ficava com a ideia que fosse feriado.
Há bares e discotecas que nos acrescentam algo para a vida. São aqueles que elegemos como os nossos espaços favoritos e onde sabemos que encontramos quem queremos encontrar ou que nos permitem isolar do mundo.
Há não muitos anos, o casamento era visto como algo conservador e os casais fugiam dele como o diabo foge da cruz. O casamento era associado, por uma larga franja de jovens, ao passado em que as mulheres não tinham direitos e eram vistas como um ser de segunda, estando sujeitas aos caprichos dos maridos.
Quando iniciei a minha actividade ‘discotequeira’ comecei pelas matinés do Rock Rendez-Vouz e do Browns. A primeira discoteca foi palco das grandes bandas portuguesas dos anos 80 e à tarde tinha mais gente do que à noite.
Portugal era e ainda é visto como um dos países mais seguros para se viver, mas nos últimos tempos a situação tem vindo a piorar e se não fosse a crise económica já se teriam acendido as luzes vermelhas de alerta.
Há uns bons anos acompanhei responsáveis da área da segurança de espectáculos de diversão nocturna e vi coisas que me assustaram.
Ponto prévio: é óbvio que não defendo o doping no desporto. Posto isto, digo que acho um enorme disparate o que tem sido dito e feito nos últimos tempos no mundo do ciclismo.
Em tempos de vacas magras alguns pormenores acabam por ditar a diferença no que à animação nocturna diz respeito. Apertados por terem menos receitas, alguns donos de discotecas e bares acabam por descurar aspectos que podem ser fatais.
Há uns anos entrei numa festa onde a ementa incluía sushi e em que os presentes faziam muitos risinhos envergonhados à volta da mesa. Como não era, nem sou, fã de tais iguarias levei algum tempo até perceber as razões de tantos sorrisos ‘encapotados’.
Somos, indiscutivelmente, um país que adora novelas. Uma rapariga com voz ‘sei lá’, aparece num vídeo a falar dos seus desejos para 2013 e diz que adorava comprar uma mala Chanel e cai o Carmo e a Trindade no mundo da net.
Portugal é um país encantador. Tem praias fantásticas, cidades lindíssimas, um clima maravilhoso e uma história de conquista e de descoberta de outros mundos.
Os after hours tiveram o seu auge no final da década de 90. Muitos dos convivas que andavam a percorrer todas as capelinhas gostavam de terminar a noite quando o sol já tinha aparecido e encontravam-se todos num ritual que era uma espécie de ‘O último copo’.
Quando em Portugal se decidiu realizar um segundo Referendo sobre a legalização do aborto, vulgo Interrupção Voluntária da Gravidez, em 2007, estranhei.
Desde que as discotecas se massificaram quase nenhuma conseguiu atrair público para o início da noite. Os portugueses gostam de jantar tarde e de ir a um bar antes de rumarem à sua discoteca de eleição.
O mundo do futebol português lançou duas tiradas que ficaram célebres: numa, um árbitro dizia «desde que vi um porco a andar de bicicleta, já acredito em tudo»; a outra foi do presidente de um clube que afirmou: «O que é verdade hoje, pode ser mentira amanhã».
Há dias fui a uma discoteca e não queria acreditar no que via. Centenas e centenas de miúdos disputavam, o melhor que podiam, um pedaço de chão onde conseguissem manter os pés em terra firme.
Tradicionalmente a comunicação social, nesta altura, elege as figuras e os acontecimentos do ano. Nas redacções há quem se empolgue mais com esta ou aquela escolha e, muitas vezes, os ânimos aquecem bastante.
No retrato do país que apresentamos, com base nos Censos de 2001-2011, há um dado que revela bem o rumo que Portugal seguiu nos últimos 35 anos.