A sentença que condenou Carlos Silvino a uma pena única de 18 anos
de prisão diz que a culpa do arguido tem «elevadíssimo grau»
e que a dimensão global dos crimes «é intensa, com
consequências psicológicas devastadoras para as vítimas».
Porém, os juízes tiverem em conta o facto de Carlos Silvino ter
pedido, em julgamento, desculpa pelos actos praticados, o que revela «alguma
consciência da gravidade e das consequências da sua conduta».
O tribunal considerou, contudo, que o arguido nunca chegou a
confessar os factos de forma absoluta, mas que mesmo assim foi relevante
para que fosse apurada a matéria de facto.
O texto da sentença, hoje disponibilizado aos advogados e a que a
agência Lusa teve acesso, teve em atenção que o próprio Carlos
Silvino foi também ele vítima de abusos sexuais «num outro
tempo», mas passou de abusado a abusador.
O ex-motorista da Casa Pia Carlos Silvino foi considerado culpado
de abusos ocorridos nas garagens do colégio Pina Manique, em colónias de
férias da Casa Pia e no ‘barracão’ onde o arguido vivia, entre outras
situações.
O tribunal deu também como provado que Silvino abusou dos três
menores que o acusam no processo apenso, entre os quais ‘Joel’, cujas
queixas motivaram a abertura da investigação.
Silvino foi pronunciado inicialmente por mais de 600 crimes
sexuais, mas o Ministério Público deu como provados 167, na maioria
abuso sexual.
O acórdão deste julgamento foi proferido no dia 3 deste mês na 8.ª
Vara Criminal, no Campus de Justiça de Lisboa, mas só hoje foi entregue
aos advogados, após vários adiamentos.
Sol / Lusa