os membros do partido democrático do japão optaram, na terça-feira, pela continuidade de naoto kan na chefia do partido e, em consequência, do país. os militantes de base votaram cinco vezes mais em kan do que em ozawa, indo ao encontro do sentimento popular. já os deputados mostraram profunda divisão: dos 406 parlamentares, 200 preferiram ozawa. no total, kan recebeu 721 pontos contra 491 do rival, para alívio de washington e londres. é que ozawa disse que os norte-americanos são «unicelulares» e já demonstrou menosprezo pelos britânicos.
o japão podia ter conhecido o terceiro governante no espaço de um ano, com a particularidade de só o primeiro ter sido eleito pelo povo. após hatoyama se ter demitido, em junho, passou a pasta ao ministro das finanças,_naoto kan. mas uma das causas da saída de hatoyama foi um escândalo relacionado com o financiamento do partido democrático. o secretário-geral, ichiro ozawa, demitiu-se ao mesmo tempo que hatoyama para, mais tarde, desafiar a liderança do partido.
para os comentadores políticos não seria surpresa que ozawa – conhecido como destroyer por criar e destruir partidos e coligações governamentais – saísse do partido que criou e levasse consigo as duas centenas de deputados que lhe são fiéis.
mesmo sem deserções, a tarefa de naoto kan já se afigura complicada. a contracção da economia e a deflação mantêm-se, a dívida pública aumenta (poderá atingir este ano os 225% do pib), a apreciação do iene nos últimos meses barra as exportações. o governo lançou há duas semanas um pacote de estímulo à economia no valor de 8,5 mil milhões de euros. além da economia, um sentimento de infelicidade perpassa a envelhecida sociedade japonesa: em 2009, os suicídios e as depressões levaram à morte de 32 mil pessoas e causaram prejuízos calculados em 25 mil milhões de euros.