Marcas e bimbas

Recentemente li um artigo muito interessante sobre a indústria da moda onde se falava nos palcos privilegiados das marcas para publicitarem os seus produtos.

os desfiles e as semanas dedicadas aos trapos e demais acessórios, seja em nova iorque, milão ou paris, passaram para segundo plano, de acordo com o artigo da revista veja.

os tapetes mais importantes para as griffes, usando uma expressão brasileira, são vermelhos e levam as celebridades ao interior dos recintos onde se realizam as cerimónias dos óscares e dos emmys.

é aí que se joga muito dinheiro. uma actriz ao nível de angelina jolie, por exemplo, vestida pela marca y, significa uma quantidade monstruosa de dólares em caixa.

as marcas disputam entre si as celebridades que querem vestir. no campo oposto, aparecem as personagens saídas de reality shows e as mulheres de jogadores de futebol. segundo o referido artigo, victoria beckham só há pouco tempo saiu do pote das pirosas.

aqui confesso que não percebo a promoção, mas enfim. são critérios. continuando nas pirosas, ninguém as quer vestir e todos temem que apareçam com a sua marca colada ao corpo. será sinónimo de descrédito e até se fala que a concorrência é levada ao extremo de a marca y oferecer roupa da etiqueta x para as tais figuras da lista negra envergarem.

no que diz respeito às jóias, a história ainda é mais engraçada. consta que as deusas que levam o cabelo apanhado são as mais bem pagas por segurarem no pescoço a jóia do criador amigo. fica tudo à mostra e o cabelo não esconde nada.

estava a ler este artigo e a pensar na realidade portuguesa. é certo que já existem marcas nacionais que tentam embelezar as suas divas. mas tirando o tapete vermelho de duas ou três festas, o que se assiste em terra lusas é às figurinhas de segundo plano — as do primeiro cabem todas nos dedos de uma mão — irem a eventos, uma palavra que adoram, e não pararem de perguntar se a festa é de bar aberto. se não for o caso, vão andar a noite toda a tentarem encostar-se a alguém que tenha uma garrafa de champanhe aberta. o filme acaba por ser cómico.

vitor.rainho@sol.pt