Banca nacional com mais custos do que a espanhola

A situação orçamental portuguesa continua a afectar a captação de financiamento externo da banca, com as instituições financeiras sem conseguirem arranjar quem lhes empreste dinheiro. Os investidores parecem separar cada vez mais o caminho de Portugal do da Espanha

«espanha está com um programa muito mais austero [do que portugal]» a nível orçamental, disse ao sol o bastonário da ordem dos economistas, murteira nabo. por isso, já recuperou a confiança dos investidores e já se consegue financiar no mercado interbancário.

em portugal, o presidente da associação portuguesa de bancos, antónio sousa, avisou esta semana que a situação da banca portuguesa é «realmente complicada como nunca foi anteriormente». e, caso se mantenha, «vai ser muito difícil os bancos portugueses financiarem-se no exterior».

esta delcaração contrasta com o cenário em espanha. o primeiro-ministro espanhol, josé luís zapatero, disse que «a crise da dívida que afectou espanha e a zona euro em geral já passou».

os próprios investidores parecem estar já a distinguir os andamentos dos dois países. em dois dias, os spreads da dívida pública portuguesa (prémio que os investidores exigem a portugal para lhe emprestar dinheiro) subiram 40 pontos percentuais. em espanha, aumentaram apenas dois.

portugueses pagam o dobro

a manter-se esta divergência no financiamento das duas economias, as empresas vão pagar dívida quase ao dobro do preço das espanholas. e as primeiras estão muito mais endividadas, o que significa que terão um problema de competitividade acrescido.

se os bancos portugueses precisarem de recorrer ao sistema de garantias pessoais do estado para obter financiamento, também vão ter que pagar mais. o ministério das finanças emitiu uma portaria em que estabelece juros mais elevados, dependendo do respectivo rating. não há bancos a recorrer ao aval do estado desde abril de 2009, mas há 22,8 mil milhões de euros ‘à disposição’ dos bancos.

isabel.resende@sol.pt e joao.madeira@sol.pt