belém, república e preocupação
belém. quase 40 mil visitantes ao palácio de belém, aberto ao público. em fim de semana longo. metade no dia 5. sinal positivo num tempo nada propício a aproximações do povo aos políticos.
adriano moreira. homenageado ontem, em bragança, pelos 100 anos da república. outro curioso sinal de como a república abarca várias repúblicas e republicanos.
igreja. um terceiro sinal: inauguração de uma igreja por sócrates no dia 5 de outubro. ou de como a presente república aprendeu com erros da nascida há 100 anos.
bênção. na mesma linha, a importante bênção do centro champalimaud por d. josé policarpo. com os factos a registar do não acompanhamento activo pela maioria dos presentes e do silêncio televisivo acerca desse passo da inauguração. sintomático de como, sobretudo na lisboa metropolitana, o panorama religioso mudou, nas últimas décadas.
carlos veiga. candidato a primeiro-ministro em cabo verde. meu antigo colega de curso de direito e amigo, desde 1966. mais tarde, primeiro-ministro, pelo mpd, na ocasião em que, como líder do psd, fiz a ponte entre o seu partido e o partido popular europeu. boa conversa, hoje. optimista quanto às suas possibilidades eleitorais. e as sondagens, de facto, revelam um empate técnico com o paicv do actual primeiro-ministro.
juros. persistem altos, na primeira emissão de dívida pública após as medidas da semana passada. má notícia para todos! a incerteza sobre o orçamento parece pesar. porventura, tanto quanto as agências de rating… daí a subida de juros no curto prazo.
barroso. a apoiar o ‘pacote sócrates’ e a exigir firmeza na aplicação. sinal da preocupação que rodeia o orçamento do estado.
emília nadal. agora, na fundação cascais. a lançar pequenos almoços-debate no hotel palácio. primeiro, a 20 de outubro, com embaixador alemão.
ricardo pais. regressa ao teatro nacional s. joão. com sombras. de 18 a 28 de novembro. segue, depois, para guimarães, viseu, lisboa, almada, aveiro, ponta delgada, portimão, vila do conde, paris, s. paulo, santos e belo horizonte.
tensão latente continua, a poucos dias da apresentação do orçamento do estado. apesar de apelos variados. de cavaco, soares, sampaio e eanes. veremos como vão reagir os principais protagonistas – ps e psd. avizinha-se o momento da clarificação final.
fmi, moody’s, oe, maputo e luanda
fmi. previsão pesada para 2011. queda do pib em 1,4% e aumento de desemprego para 10,9%. muito próxima da avançada pela standard & poor’s. a não ajudar nos mercados, em conjunto com a sensação de que o orçamento pode não passar…
moody’s. prevenção ainda mais pesada à irlanda. pode ver o seu rating baixar para o nível do mar. ou, melhor, um pouco abaixo dele…
sessão. ontem, no parlamento. a evocar os 100 anos do 5 de outubro. o mais previsível: lacão. o mais contidamente lúcido: pacheco pereira. no geral, um pró-forma sem grande alma.
paula escarameia. morreu, cedo demais. professora prestigiada de direito. que – num daqueles gestos estúpidos, raros, mas existentes nas melhores instituições – a minha faculdade destratou, recusando equivalência ao seu doutoramento em harvard e motivando uma carta de harvard a pedir explicitação dos critérios que teriam levado a esse gesto único – recusar o nível avaliativo de uma das melhores escolas de direito do mundo, o que nunca havia acontecido… reconhecer esse erro é sinal de grandeza, mesmo se o reconhecimento é tardio.
misericórdias. guerra entre bispos e misericórdias. má para todos. a exigir bom senso imediato!
orçamento. o voto decisivo – o na generalidade será a 29 de outubro. o final global a 26 de novembro. ora bolas – estarei no luxemburgo, em conferência sobre portugal. nem quero imaginar, em caso de chumbo do orçamento, ter que explicar o que se passa…
ainda orçamento. passos radicaliza-o. oe é «mau», garante, antes de apresentação. seguro reconhece que não podem ser só os mais pobres e fracos a pagar a factura. no geral, de um lado, teimosia de passos contra a viabilização; do outro, o governo a acelerar a votação, como que a desejar que quanto pior, melhor. ou seja, a desejar o chumbo… e o país, quem pensará nele, não em termos teóricos, mas em termos práticos?
maputo. finalmente, a deslocação prevista para setembro. partida, hoje. com programa ainda indefinido, mas previsivelmente sobrecarregado. muitos exames de mestrado, uma palestra, outros compromissos. como a intervenção na tvi no domingo. tudo, em oito dias. mas adoro moçambique e a ida vai permitir-me actualizar impressões de 2008 e medir o pulso à situação pós-tumultos.
remodelação angolana. na defesa e na economia. com o reforço dos poderes de carlos feijó. que passa a presidir, por delegação, à comissão permanente do conselho de ministros. e lá saiu o ministro da coordenação económica, que, um ano atrás, me parecia estar a mais naquele filme.
cavaco, juan carlos e moçambique
juan carlos. encontro com cavaco, o presidente italiano, napolitano, e empresários no porto. louvável iniciativa de cavaco silva.
fundos de pensões da banca vão para o oe. mais uma forma de diminuir défice estatal em 2011. um pouco contraditório com a ideia da privatização na segurança social.
hugo dos santos. foi ontem a enterrar. militar de abril, coerente, eficiente e discreto. a merecer evocação.
inem. substituição da direcção. depois de muitas queixas. a parecer tardia. o governo tem de explicar-se.
mais aviões. cinco. em segunda mão. para vigilância do espaço aéreo. santos silva diz que é imprescindível. os portugueses registam… e pasmam pela oportunidade…
edward kane. presidente do american club entre 1983 e 1993 e bom amigo nos tempos do pós-prec. vem a lisboa, matar saudades e pena tenho de, ausente em moçambique, não poder estar nos vários encontros com ele para que fui convidado. recordo, com saudade, grandes debates em que participámos, e, em especial, aquela noite das presidenciais francesas de 1981, em sua casa – a dois passos da intersindical, com vista para o tejo (salvo erro a de antónio monsaraz ou no mesmo prédio) – assistindo à vitória de mitterrand sobre giscard…
moçambique. viagem sem dormir. vizinho, 77 anos, vida fascinante – inglês, que, ao serviço de empresa americana, viveu, desde 1958, no quénia, depois na rodésia, e em moçambique, a partir de 1975. assistiu às independências, tendo a seu cargo 16 países africanos. tripulação divertida. visita ao polana remodelado com o amigo convidante, nazim ah- mad, pela fundação aga khan. duche e prova de mestrado às 9h. tempo razoável, pessoas calmas e acolhedoras, como sempre. solicitações inúmeras. revisão das arguições ocupará o resto de hoje e amanhã. com pulos à costa do sol para nadar. jantar com grupo de oftalmologistas portugueses, vibrando com a vitória sobre a dinamarca de paulo bento e dos nossos magriços. fim de noite no encerramento do festival de jazz, na histórica gare dos caminhos-de-ferro, junto ao kampfumo.
curiosidade. ontem, no avião, discretamente, no fim da classe económica, vinha carlos queiroz. moçambicano com projecto cá, muito simpático e muito bem tratado por todos.
prémios nobel, manuela, pacheco e mendes
nobel da literatura, para mário vargas llosa. um reconhecimento muito defensável. claro que sou suspeito por gostar da sua obra, retrato de uma certa américa latina, com traços que a ultrapassam… nobel da paz, para liu xiaobo. um lutador contra a ditadura chinesa, que a real politik deixou de considerar ditadura mal a china começou a pesar a sério no mundo.
ps. cada vez mais parece querer o chumbo do orçamento. tais as ameaças e chantagens que faz. vide teixeira dos santos pela enésima vez. até apetece não fazer o que querem. mas não é essa a razão decisiva. essa é a combinação explosiva de paragem de crédito a portugal, ao estado e à banca, problemas com apoio europeu, lentidão e preço de fmi, demissão do governo e inexistência de poder para tomar as próprias eventuais medidas do fmi. um cenário péssimo, como diz barroso.
manuela ferreira leite defende abstenção do psd no orçamento, por estritas razões de emergência nacional.
pacheco pereira. ao que me dizem, mesma sensibilidade nacional, na quadratura do círculo, em que terá estado em boa forma.
o essencial. separar o essencial do acessório, impõe-se. e espero que, no momento azado, isso esteja presente na cabeça de um homem inteligente como passos coelho.
notável. contributo de marques mendes. ao divulgar lista de estruturas e instituições a eliminar. aliás, dando pontapé de saída em debate que o próprio site do gabinete de estudos do psd suscitou, ao pedir sugestões de cortes nas despesas públicas.
teodora cardoso. artigo crítico para os diversos azimutes. mas reforçando importância do não-chumbo do orçamento.
bpn. ninguém lhe pega. e o concurso foi prorrogado até finais de novembro. um berbicacho mais, no meio de muitos outros.
maputo e sinais
maputo. revisões das seis arguições, mais da conferência de amanhã na câmara de comércio portugal–moçambique. encontros múltiplos com académicos, quadros e jovens empenhados em iniciativas sociais. intervenção da tvi feita da rtp – apoio de ricardo mota e angela shin – com mia couto à conversa antes. presente e inexcedível, embaixador mário godinho de matos. missa na catedral, bastante participada. sensação mais clara de que se aprofunda fosso entre classe dirigente e sua ostentação e o povo e sua provação. imprensa mais contundente – savana e país – não poupa o poder político-económico.
apertãozinho na sequência dos acontecimentos de setembro, controlo dos telemóveis sem registo de proprietário, atenção maior à informação crítica e acompanhamento cuidadoso dos contactos tidos por mais interessantes…
mais moçambique. começou a semana louca. duas arguições – uma, sobre o contencioso aduaneiro; outra, sobre operações de paz e responsabilidade internacional. assistência e intervenção na sessão de abertura de semana sobre a i república em portugal e na colónia de moçambique (com magníficos professores moçambicanos), promovida pela nossa embaixada no instituto camões. jantar com malangatana e amigo e ex-vizinho de meu filho nuno, acabado a debater o arranque da fundação malangatana nos próximos meses.
ecos de lisboa e malangatana
de lisboa. ecos de intervenções acerca da situação política. sensação de compasso de espera relativamente a sócrates e passos coelho. na expectativa de que correspondam aos apelos que muitos lhes fazem em pensamento, e alguns por palavras.
malangatana. como sempre muito afectuoso para com meus pais. recordando mil episódios, com destaque para o apoio à escola de matalana. contra a posição dos responsáveis políticos aos mais diversos níveis. aliás, não passa uma meia hora que eu não encontre quem se me dirija evocando os meus pais ou histórias com eles passadas…
portugal em grande vence 3-1 na islândia. euforia também por estas paragens!
dia cansativo. arguições sobre uso de armas de fogo pela polícia e ilícitos disciplinares. antes, palestra para empresários moçambicanos e portugueses e alguns dirigentes administrativos centrais.ocasião para, entre muitos outros temas, falar das apostas da portucel, da ren e da pt aqui, tal como de antigos e novos bancos, agricultura e construção civil. e de temas mais melindrosos como a própria sucessão presidencial moçambicana. jantar com filha de amigos envolvida em projectos económicos e sociais em maputo.