ou seja, a «desfazer o tabu» e revelar o sentido de voto sobre as contas do estado para o próximo ano: «o psd num dia diz que vota contra o orçamento, no outro diz que é responsável e que agirá em conformidade. não há quem perceba. fazem-se apostas. vão abster-se, votar contra? acabem com a incerteza».
foi a resposta do primeiro-ministro às palavras do líder parlamentar do psd, miguel macedo: «o psd não dá um cheque em branco ao governo». reafirmando que os sociais-democratas só anunciarão o sentido de voto depois de terem analisado a proposta de orçamento, macedo devolveu as críticas a josé sócrates: «tabu é a explicação que o primeiro-ministro deve aos portugueses sobre o que correu mal entre maio e setembro».
num debate em que teixeira dos santos não esteve presente (as finanças estão ainda a ultimar o orçamento), paulo portas defendeu que «governar é saber prever» e que o executivo esteve muito longe de o conseguir. «o custo de querer iludir o país é apresentar uma factura que aumentou 1500 milhões de euros», acusou o líder centrista, com sócrates a responder que é «fácil ser treinador de segunda-feira» e que a actual situação económica era absolutamente imprevisível em 2008. «não seja calimero», retorquiu portas: «falei em maio de 2010 e não em maio de 2008».
à esquerda, o secretário-geral do pcp, jerónimo de sousa, abriu o debate antecipando que as medidas do governo terão um efeito negativo na economia, pelo que o resultado se traduzirá em «mais dívidas e mais desconfiança dos mercados». «há portugueses que neste momento não sabem o que fazer à vida», acusou o líder comunista.
pelo bloco de esquerda, francisco louçã criticou o executivo pela «total irresponsabilidade de um orçamento que ataca os trabalhadores e a classe média», acusando josé sócrates de «mentir ao país». «o primeiro-ministro tem de ter palavra», diria ainda, concluindo que «2011 será um ano pior que 2010» – «é a única certeza que os portugueses têm».
já heloísa apolónia, do pev, deixou uma pergunta a sócrates: «um dia acorda para um lado e diz uma coisa, no outro dia diz outra. para que lado é que acordou hoje, para a demissão ou para a manutenção?». «a única coisa que tenho para dizer é que não sou dos que viram a cara e vão embora», foi a resposta do primeiro-ministro.