Como os seus exemplos estavam a contribuir para o aparecimento de milhares de jovens anorécticas, alguns governos foram mesmo obrigados a proibir passagens de modelos em que as raparigas vestissem números considerados mais próprios de campos de refugiados, onde morrem milhares de pessoas à fome, do que de uma passerelle.
Vem esta conversa a propósito da última visita à capital angolana. Aqui, nesta matéria, tudo é ao contrário. As mulheres XXL são muito apreciadas e parece haver um culto da largueza de ancas e não só. Falamos, obviamente, da maioria dos habitantes.
Nos mais jovens e endinheirados a conversa já é outra, embora sejam poucos os que vão na conversa da magreza excessiva. Gostam de frequentar o ginásio e de ter um corpo perfeitamente normal, segundo as normas de saúde. Mas independentemente das classes sociais e das diferentes faixas etárias, não me parece que exista muito espaço para os complexos do corpo, pelo menos no que a elas diz respeito.
Curiosamente não vi homens excessivamente gordos, enquanto nas mulheres o cenário é bem diferente. Diferente está também Luanda de mês para mês. Na primeira visita, em Março do corrente ano, andei a visitar as capelas clássicas. Desta vez, numa curta estadia, pude ver dois espaços novos aos meus olhos: o teatro Elinga, que procura por todos os meios evitar a demolição, e o Maiombe.
O primeiro é a discoteca menos africana que conheci em Luanda. A música é de dança, um house bem puxado, e a clientela passa muito pelos artistas mais ‘prá frentex’ da capital e pelos portugueses que frequentam o Bairro Alto ou o Lux. Uma imagem que me ficou foi a das obras que não paravam no terreno fronteiriço. Nós a dançar e eles a trabalharem nos guindastes e afins. Na segunda discoteca, vi uma casa tipica para um público com carteiras menos recheadas e onde há sinais que não são perceptíveis à primeira vista… Duas discotecas, dois andamentos muito distintos.