o fascínio pelo souvenir ganhou outra dimensão quando voltou a cruzar-se com as ditas no festival andanças, em são pedro do sul, no qual marca presença há oito anos como professor de yoga.
era ingrid ortelbach, directora da academia peter hess em portugal, quem as trouxera e foi ela a responsável pela introdução de joão à massagem de som com as taças.
a escola mãe, na alemanha, foi fundada por um engenheiro de mecânica física que, também ele, depois de voltar do nepal, passou a dedicar-se à reacção provocada pelo som destes antigos recipientes de alimento no ser humano, sendo de assinalar os seus efeitos terapêuticos em crianças autistas.
«reparei que o som das taças tibetanas trazia melhores resultados do que a maioria das músicas de cd que usava no relaxamento para os meus alunos», conta o professor de yoga, sobre o que o levou a procurar ingrid mais tarde para uma formação aprofundada.
hoje, é joão quem nos comanda na descoberta das singing bowls, fabricadas no nepal por métodos artesanais com metais como cobre, zinco, prata e ouro e emprestadas pela referida academia.
lembrando o acaso da loja nepalesa, o guia incita-nos a escolher (ou deixarmo-nos escolher por) uma das taças de diferentes tamanhos que trouxe. o apelo ao amor à primeira vista não tem nada de esotérico, esclarece: «gosto que as pessoas façam aquilo de que se esquecem de fazer no dia-a-dia, como seguir o instinto» .
e porque «esta é uma actividade de prazer», também o local tinha de ser inspirador. embrenhados no verde do parque da pena, em sintra, cercávamos a ‘mesa da rainha’, assim conhecida por se tratar de um dos locais preferidos da rainha d. amélia.
partindo do móvel de pedra, percorremos ao longo de duas horas outros dos principais cenários românticos desta mata mandada plantar por d. fernando ii: desde o templo das colunas, onde tomámos o primeiro contacto com as as vibrações das taças; ao ponto mais alto da serra de sintra, no topo da qual o instrutor fez soar um retumbante gongo feng ; passando por uma gruta onde os antigos frades jerónimos meditavam.
na fonte dos passarinhos, um pavilhão de inspiração árabe, colocámos água nas taças e através dela visualisámos as vibrações que emitem ao serem tocadas.
segundo peter hess, «com a massagem de som algo de semelhante ocorre no nosso corpo, que é constituído em 80 por cento por água». é como uma «massagem celular», em que cada uma das 100 biliões de células existentes no corpo é reconfortada, acredita o fundador da academia alemã. joão silva não vai tão longe: «as vibrações desbloqueiam as tensões do corpo, harmonizam-no energeticamente».
massagem celular, harmonia energética, alinhamento dos chakras… deixamos o trabalho nominativo de lado para antes atestar o seu efeito. depois de uma massagem de som no terraço do palácio da pena e um mini-concerto com taças de cristal de quartzo, encaminhámo-nos, sonambulamente, para a cama lá de casa.
joão silva