a frança tem estado nas bocas do mundo devido às constantes greves gerais. uma boa parte dos manifestantes são jovens que lutam contra o alargamento da idade da reforma dos 60 para os 62 anos. alegam que com essa medida terão muito menos hipóteses de entrar no mercado de trabalho. o argumento, além de bacoco, é perigoso. quando na europa se discute o estado social e a sua falência, os meninos gritam que não há espaço para todos e que os sessentões precisam é de ir para casa o mais cedo possível. claro que nesta faixa etária também são muitos os que não concordam com a medida governamental e mostraram o seu desagrado tentando paralisar a vida do país. bloquearam refinarias, secando as bombas de combustível, e procuraram que ninguém saísse ou entrasse no país por via aérea. o direito à greve está consagrado na constituição, mas não me parece que deva ser utilizado em manifestações sem sentido.
vamos por partes: com o aumento da esperança de vida, é natural que as pessoas trabalhem até mais tarde. é aconselhável para a saúde mental e, além disso, por este andar qualquer dia teríamos na europa um trabalhador para quatro reformados. se fosse possível manter este cenário, até admito que a greve faria algum sentido, já que devemos trabalhar para viver e não viver para trabalhar. mas do que conheço da vida, são poucos os que se reformam muito cedo e são felizes. em casa sentem-se uns inúteis e daí às depressões é um tiro.
que se defenda que há profissões de desgaste rápido e que merecem leis excepcionais é uma coisa. outra completamente diferente é dizer a alguém que é útil e importante para a sociedade, mas que está na hora de ir calçar as pantufas. um médico, por exemplo, está incapacitado para desenvolver a sua actividade quando completa 60 anos? se olharmos para portugal, achamos que é um crime considerar tal hipótese. como também é um crime pedir a alguém que padece de uma doença grave que se mantenha no seu posto de trabalho. é fundamental criar um sistema mais justo, que possibilite que quem merece ou precisa de se reformar antecipadamente o possa fazer.
os jovens não terão o campo de trabalho dificultado com o alargamento da idade da reforma, até porque é sabido que a europa está com um défice muito elevado de mão-de-obra. é claro que há empregos que não são do agrado dos europeus, mas isso é outra conversa…
que se discuta um sistema mais justo e com menos desigualdades, parece-me inevitável. brincou-se durante muitos anos aos jogos das bolsas e das riquezas instantâneas e da fuga aos impostos.