A pista estava cheia e não faltava animação. uns estavam mais extrovertidos, outros procuravam aguentar-se em pé. A média de idades não deveria ultrapassar os 20 anos e as raparigas mostravam-se bem mais determinadas.
Uma das miúdas sobressaía, já que fazia com o seu amigo o jogo do varão. Ia abaixo e acima, beijava-o enquanto ele tentava não desmaiar. Depois de lhe dar uns abanões para tentar que ele espevitasse, acabou por deixá-lo sozinho, tendo de seguida procurado alguém que conseguisse acompanhá-la. À volta da pista, outras dezenas de raparigas tentavam a mesma sorte.
Não há dúvidas de que nas gerações mais precoces são as raparigas que tomam as iniciativas e que os rapazes, sendo da mesma idade, parecem presas fáceis nas suas garras. Elas tomam as rédeas do jogo e eles só dizem que sim ou que não.
Bebem muito e não se importam, pelo menos no momento, se estão ou não a fazer figuras tristes. Ao contrário dos mais crescidinhos que procuram não tombar com o excesso de bebida, os novos donos das pistas de dança são muito mais liberais e pouco se importam com o que dizem os outros. Para eles só as conquistas interessam.
Se é de uma noite ou de várias é um assunto pouco relevante. Quando comentava esta nova realidade com o filho de um amigo ele só me disse para olhar para o computador que estava aberto. Mostrando as amigas dele no Facebook, chamou-me à atenção para a ousadia das fotos e para o teor das mensagens. «Isto agora já não é como na minha geração. Elas são muito mais atrevidas», dizia-me do alto dos seus 19 anos.
O que me faz confusão nesta mudança de comportamentos é a facilidade com que expõem tudo o que fazem. Para mais na net, onde num futuro próximo poderão ser confrontadas com as ‘loucuras’ que cometeram. Ainda há dias vi uma reportagem onde raparigas adolescentes viviam num clima de terror, porque tinham colocado fotos suas em poses mais ousadas, que estavam a ser usadas em sites pornográficos, onde constava o número de telefone e morada. Qual a necessidade de mostrarem em público o que é privado?
vitor.rainho@sol.pt