numa altura de descontentamento interno com a estratégia do governo, francisco assis e antónio josé seguro reforçam as suas posições e o capital político no ps.
a gestão do dossiê do orçamento do estado (oe) feita pelo governo causou mossa no ps. após semanas em constante ‘troca de galhardetes’ com o psd, até os socialistas já se queixavam de «cansaço» e «desgaste» com a estratégia de permanente guerrilha em torno do orçamento. com uma excepção: francisco assis, apontado como possível candidato à sucessão de josé sócrates, sai deste debate sob o elogio dos seus pares, apontado como um «moderador» no meio das declarações ‘incendiárias’ de outros dirigentes.
o contraste de discursos entre os socialistas foi-se repetindo ao longo do último mês e teve mais um episódio no debate parlamentar desta semana. nas palavras de um deputado socialista, a intervenção de assis, como a da ex-líder social-democrata manuela ferreira leite, «foram uma espécie de momento ‘ajudem-nos-a-sair-daqui-com-dignidade’».
o tom do líder parlamentar não foi coincidente com o do governo, mas foi bem recebido pela bancada. a prova disso foi a salva de palmas dispensada pelo grupo parlamentar a francisco assis, o que não se repetiu após a intervenção final do ministro da defesa que, falando momentos antes da votação do orçamento, voltou novamente a subir o tom de confronto. a reacção ao discurso de augusto santos silva foi bem menos efusiva – vários deputados permaneceram sentados e sem aplaudir. explicação de um parlamentar: «um discurso daqueles não faz sentido nesta altura». de outro: «é uma retórica desenquadrada da realidade do país».
uma reacção que teve tradução na reunião de ontem do grupo parlamentar, com assis a ouvir elogios pela sua prestação. e o próprio líder da bancada reconheceu que tem sido chamado a um maior protagonismo nesta segunda passagem pela liderança dos deputados (a primeira foi no consulado de antónio guterres).
com helena pereira