Lutar contra a depressão

Se nos deixarmos abater pela crise económica estaremos a transformar um problema em dois. O futuro não é brilhante, mas podemos lutar.

o clima de insegurança tomou conta do país. não, não falamos de criminalidade, mas sim de insegurança económica. as pessoas sentem o futuro incerto e estão cada vez mais tristonhas. se os portugueses já não são um povo muito alegre, o que dizer do clima actual? mas justificar-se-á tanta preocupação? por um lado, sim. o desemprego deixou de ser uma miragem, para ser uma realidade. também é claro que o poder de compra vai diminuir no próximo ano e muitas famílias irão passar para um estado de pobreza real.

mas se encararmos as adversidades como uma fatalidade, vamos ficar bem piores. o brasil hoje é um país que dá cartas a nível internacional e a população vive bem melhor do que no passado, apesar dos milhões que ainda se encontram no patamar mais baixo da sobrevivência. a realidade alterou-se significativamente no consulado de lula e hoje são poucos os que não acreditam num futuro risonho em terras brasileiras. há uns anos, um amigo foi trabalhar na remodelação do autódromo de s. paulo e ficou estupefacto com a capacidade de vida dos brasileiros. a laborarem debaixo de 40ºc – temperatura que subia e muito com a colocação do um novo tapete de alcatrão –, os trabalhadores, assim que chegava a hora do almoço, pegavam nas suas marmitas e ingeriam o que tinham levado de casa. minutos depois, voltavam essas marmitas ao contrário e começavam a tocar e dançar samba. é outra forma de encarar a vida…

se em portugal nos deixarmos deprimir com a recessão económica, o cenário será bem pior, já que de um problema teremos dois.

cabe a cada um de nós contribuir para um mundo melhor. gostamos e temos facilidade de criticar, mas acabamos, na maioria das vezes, por nada fazer para alterar as injustiças. sempre que venho para o jornal de carro, vejo situações inadmissíveis para um país que quer produzir mais riqueza. os carros estacionados em segunda fila provocam enormes engarrafamentos que se traduzem em milhares de horas laborais perdidas. pior do que isso, no que a esta matéria diz respeito, só os carros estacionados em curvas sem visibilidade que causam acidentes graves, levando pessoas para o hospital, que dessa forma não produzem e, pelo contrário, agravam as contas públicas. já para não falar das vidas que se perdem nesses acidentes… que não têm preço.

podem parecer dois exemplos mesquinhos, mas não o são. a falta de civismo é prejudicial a todos. como as autoridades policiais se preocupam com outras ‘multas’ mais interessantes, ninguém consegue regularizar o trânsito e dessa forma criar mais riqueza para o país. ah! e quantas pessoas não vão furiosas para o trabalho por causa de engarrafamentos e acidentes estúpidos?

vitor.rainho@sol.pt