entrámos para descobrir. lá dentro explicaram-nos que aquela era a casa-museu dr. anastácio gonçalves e que tem mais de cem anos. foi mandada construir por um grande artista português, josé malhoa, e não estamos a falar do cantor de música pimba. «este malhoa foi um pintor do século xix e ficou conhecido por retratar várias paisagens e figuras populares portuguesas».
quando malhoa morreu, o dr. anastácio gonçalves tomou conta da casa. era um oftalmologista que achava que o melhor remédio para os olhos das pessoas era a arte. mas tal como o pintor, também um dia os olhos do médico se fecharam para sempre. e sobrou uma casa recheada de obras-primas.
daí a palavra ‘casa-museu’: porque desde então as pessoas puderam continuar a visitar a casa do médico e observar as relíquias que ele coleccionou.
mas por que coleccionava ele arte? o que tem ela de tão especial para permanecer tão valiosa ao longo dos tempos? a resposta podes encontrá-la no programa ‘o meu primeiro curso de história de arte’ a decorrer todos os sábados, até 5 de fevereiro, das 10h às 13h. nós participámos numa sessão experimental para saber como vai ser e ficámos a saber muitas coisas sobre a arte do século xvii.
sentados no chão do antigo ateliê do pintor josé malhoa, observámos com atenção duas pinturas a óleo e fomos percebendo que estas tinham figuras mitológicas. como uma menina ao nosso lado disse, «são personagens de histórias um bocadinho mentira, um bocadinho verdade».
a seguir descobrimos que no século xvii, como não havia supermercados, os artistas tinham de ir buscar as suas tintas à natureza. ao rasparem pedras coloridas como a lápis-lazuli, ou esmagando insectos que se alimentam de plantas, conseguiam obter um pó colorido. a esse pó juntavam óleo e daí resultava o líquido com que pintavam os quadros. arregaçámos as mangas e com as nossas próprias mãos fizemos tudo como antigamente!
na próxima sessão, a responsável do curso, mariana veríssimo, vai perguntar-te o que achas que é a arte e mostrar-te como tudo começou, na pré-história, com as pinturas rupestres. ao longo do curso vais perceber que a arte acompanhou as mudanças do homem ao longo dos tempos. será que hoje os adultos pintam os prédios de cinzento porque já não têm tempo para brincar?
aisha.rahim@sol.pt