estávamos feitos. eram 40 mil homens contra sete mil nossos. o poderoso exército castelhano preparava-se para pôr os pontos nos ii depois de termos violado o tratado de salvaterra de magos.
segundo este acordo, com a morte do rei d. fernando em 1383, a coroa de portugal deveria passar para o espanhol d. juan i, já que este casara com a única filha legítima do ‘inconsciente’ rei português.
mas para a patriótica população lisboeta, que por nada aceitaria que a capital passasse para toledo, as coisas não podiam ficar assim e proclamaram d. joão, mestre de avis, meio-irmão do falecido d. fernando, «regedor, governador e defensor do reino», como atestam documentos da época. título a que as cortes de coimbra retiraram os eufemismos ao elegerem-no, em 1385, como rei de portugal.
à rebeldia lusa, o rei de castela e leão respondeu com uma invasão a partir da vila de almeida, na guarda, chegando com o seu batalhão até leiria. o que aí sucedeu ficou conhecido como um dos momentos mais decisivos da história de portugal: a batalha de aljubarrota.
a imprevisível vitória da humilde milícia portuguesa sobre a superior (numérica e militarmente) cavalariça castelhana foi de tal modo sublime e inspiradora que a vemos ganhar contornos épicos numa curta-metragem com a participação de ana padrão e gonçalo waddington, a que assistimos.
estamos no auditório do centro de interpretação de aljubarrota (ciba), em porto de mós, criado há dois anos pela fundação aljubarrota. iniciativa de antónio champalimaud, esta instituição permitiu a valorização de seis campos de batalhas ocorridas durante a guerra da independência (1383 a 1432) e a guerra da restauração (1640 a 1668). entre eles encontra-se o campo militar de s. jorge, correspondente à batalha de aljubarrota, possível de visitar através do ciba.
testemunha viva de uma das mais impressionantes batalhas campais da idade média, é no próprio campo que encontramos a resposta para a curiosa vitória portuguesa. foram as características naturais da paisagem que permitiram que d. nuno álvares pereira aplicasse a ’táctica do quadrado’, não só encurralando os castelhanos como fazendo-os tropeçar em fossos camuflados.
para explicar a vitória em detalhe, o ciba tem um núcleo onde vemos documentadas as campanhas arqueológicas que colocaram a descoberto o sistema defensivo de inspiração anglo-saxónica, ossos de alguns combatentes, as principais fontes iconográficas e documentais e réplicas do armamento utilizado.
para os mais novos há ainda o exploratorium, um laboratório de brincadeiras para pais e filhos descobrirem a idade média e, junto ao parque das merendas, um parque com jogos e engenhos em madeira prontos a serem accionados. do escolar ao científico, o serviço educativo organiza visitas guiadas para todos os tipos de público.
aisha.rahim@sol.pt
centro de interpretação da batalha de aljubarrota
av. d. nuno álvares pereira, 45
calvaria de cima – porto de mós
tel. 244 482 087