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O preenchido dia-a-dia de Marcelo Rebelo de Sousa.

quinta 11

cabo verde, direito, médicos e carlos veiga

cabo verde. chegado, ontem, tarde, depois de várias horas de atraso do avião da tacv, jantei pela meia-noite de lisboa com a embaixadora portuguesa graça trocado, amiga de décadas. tem feito um lugarão nos últimos quatro anos, e é quase decana diplomática. jantámos no poeta, restaurante com vista para o mar e muito simpático.

médicos. em toda a parte. congresso de medicina interna com muita gente de todo o portugal. encontrei-os ao fim da manhã. apreensivos com o nosso país. ao jantar, no pescador, outro restaurante acolhedor da cidade da praia, encontro um grupo de médicos que veio fazer formação em medicina familiar. no meio, dois amigos – a excepcional isabel galriça neto e o sempre jovem estêvão pape.

direito. longa palestra – aula com questões de quase três horas no instituto superior de ciências jurídicas e sociais. mais de 200 alunos, professores, magistrados e até políticos para o tema ‘tendências do constitucionalismo no século xxi’. uma dezena de perguntas no final, de elevado nível. presentes o presidente do instituto e antigo aluno e assistente na minha faculdade, jorge fonseca, e o regente da cadeira de direito constitucional, outro meu antigo aluno, mário silva. ambos bons amigos.

sucesso. o do instituto. cerca de 1.600 alunos. de várias áreas, sendo mais de 400 de direito. e tendo arrancado agora com curso de economia.

curiosidades. jorge fonseca é casado com filha de antigo colega meu de curso, máximo dias, que conheci com 2 ou 3 anos de idade. e parece querer ser – ele – candidato à presidência de cabo verde no outono de 2011. pelos sectores não paicv. nestes sectores, fala-se em vários nomes, desde o primeiro-ministro josé maria das neves, se perder, por pouco, as legislativas de fevereiro, ao presidente da assembleia nacional, aristides lima, que – coincidência das coincidências – esteve, hoje, em lisboa, em conferência na minha faculdade. e a mais dois ou três, próximos de josé maria neves.

jantar. como acima disse, no pescador. com carlos veiga e confrades. carlos veiga, que foi meu colega de curso e primeiro-ministro e líder do mpd na década de 90, renunciou a uma candidatura – finalmente propícia – à presidência, após duas azaradas, para retomar a chefia do mpd e concorrer às legislativas. partiu de muito atrás do paicv – apesar do peso do mpd nos principais municípios, mas recuperou em menos de um ano. de 17% abaixo passou para 3% ou 4% acima. mas o essencial está por vir. veremos o resto de dezembro e o início de janeiro.

sexta 12

cimeira da nato, juízes e lusofonia

cimeira da nato. justifica perturbações – esperemos que limitadas – de trânsito de pessoas e veículos e de circulação aérea (vai ser bonita a minha ida ao luxemburgo a 18 de novembro e regresso a 19 ou a 20…). e acaba de justificar tolerância de ponto em lisboa (neste momento de enorme criação de riqueza nacional). enfim… tem de ser, e deseja-se, grande sucesso à cimeira, que o país bem precisa de sucessos externos.

juízes. ainda em cabo verde. quatro horas de exposição e debate sobre os desafios à independência judicial no mundo da lusofonia. no quadro da constituição da união internacional dos juízes dos países de língua portuguesa. interviemos, o ministro conselheiro silvio beneti, do supremo tribunal de justiça brasileiro, o conselheiro benvindo ramos, ex-presidente do supremo tribunal de justiça cabo-verdiano e vice-presidente do tribunal da cdao e eu. presentes os presidentes das associações de juízes de todos os países lusófonos, salvo timor, e muitos magistrados. cotejo de experiências enriquecedor.

ministra da justiça. uma advogada não política. inteligente e humilde. uma anfitriã magnífica no jantar de despedida.

benfica. aqui, 80% dos praienses são do benfica. em portugal, o benfica-sp. braga acaba de ser adiado para o meu dia de anos, 12 de dezembro. será a horas de eu poder ir?

pib português a crescer ligeiramente. mas, tal como estão as coisas, 0,4% foram uma festa nacional…

amado. luís. más relações com sócrates. garantem nas necessidades. por causa da suspeita primo-ministerial quanto a hipotético papel em coligação com o psd. não acredito. amanhã, ao que parece, propõe no expresso essa coligação já. não o faria sem cobertura de s. bento – penso, se não seria aberrante que um dos pesos pesados do governo fizesse o oposto do que pensa o primeiro-ministro e a contraposição fosse considerada natural… mas que está a falar muito, mesmo demais e a despropósito, está.

noitada. são 2 horas da manhã, 3 de lisboa. no aeroporto da praia, espero chamada para embarcar. para chegarmos às 7h de lisboa sem dormir nada. uma directa com duas reuniões e festa dos 60 anos de o lar da criança à noite é obra. aos 61 anos de idade não é o mesmo que aos 25… ao menos, duas horas de sono davam jeito. e a jovem ao meu lado espirra e tosse intensamente. a minha hipocondria está ao rubro.

sábado 13

irlanda, juros, sondagem e mais amado

irlanda. e a irlanda parece ter baqueado, com a subida de juros, bem acima dos 9%. e, sobretudo, com os sinais claros da comunidade financeira, a começar na britânica. lá vai fundo europeu – ainda antes das regras definidas – e fmi? pelas declarações de durão barroso – embora cuidadosas – dir-se-ia que sim…

sondagem. psd com quase 7% de vantagem sobre ps. psd mais cds no limiar da maioria absoluta. mas passos a cair ligeiramente e esquerda com maior percentagem do que direita, embora provavelmente sem mais votos. país menos claro nesta do que nas sondagens anteriores. raio de indefinição… a sugerir que se não entre em agitações prematuras.

mais amado. saíu a entrevista anunciada. com coligação já e cenário alternativo de saída do euro para a continuação da situação actual. uma inoportunidade total. com a sensação de que considera este governo uma solução insuficiente. mas, se assim é, o que lá está a fazer? e, se lá está, para não lesar portugal com demissão debilitante, por que fala tanto em público?

sócrates. em macau. com ar de quem disfarça mal o incómodo com as palavras de amado. por uma vez, com razão. mas a culpa é sua, que não manda no governo…

futebol. sp. braga, mal! sporting e v. guimarães, melhor… académica, meia-coisa…

o lar da criança. missa na basílica da estrela a abarrotar. com coral de alunos à altura. pelos 60 anos de vida de o lar da criança, escola da minha infância. jantar, mais tarde, na faculdade de direito. quase 350 ex-alunos e professores. mais não cabiam. homenagem lindíssima à fundadora, berta ávila de melo. com esta a agradecer, muito comovida. desenhos, fotos, dvd e dois filmes, mais discursos e música animaram a longa noitada. a não esquecer…

domingo 14

china, timor-leste e impasse político

china confirma interesse em empresas portuguesas e disponibilidade para compra – no mercado – de dívida pública nacional. goste-se ou não, notícia importante e oportuna.

timor-leste. mesma disposição de timor-leste, aberta por ramos horta. com o seu fundo petrolífero. notícia ainda mais significativa, em termos de lusofonia.

debate mole. já o debate mole sobre o impasse político cansa, de estéril que é. portas quer coligação ps-psd-cds sem sócrates. ps e psd não querem e cds não fala do essencial que são as medidas a tomar, às quais se opõe. amado quer coligação, mas psd não quer e não se percebe se amado quer com sócrates ou sem ele, mas vai ficando no governo. todos os cenários imediatos parecem inexequíveis. que tal falar no que importa – o que fazer financeiramente para ultrapassar o aperto de emergência, economicamente para o ultrapassar a prazo mais longo, com crescimento e emprego, e socialmente para minorar os custos gravíssimos da crise?

frança. crise leva governo a demitir-se. fica o primeiro-ministro, que promete novo ímpeto e diferente política. imagina-se: com o mesmo presidente e o mesmo primeiro-ministro deve ser uma mudança enorme…

ruiveloso. presente hoje no meu programa no jornal nacional. com a sua simpatia inultrapassável e, sobretudo, o palmarés de uma carreira de 30 anos. um encontro que foi uma homenagem e um momento gratificante. na sua simplicidade.

eduardo barroso. membro convidado da prestigiada academia nacional de cirurgia francesa. entronizado em janeiro. reconhecimento justo e que muito alegra os amigos de eduardo, nos quais me sinto como o mais antigo – desde 1950!

segunda 15

por que não se calam eles?

amado. melhor no parlamento do que na entrevista. até a saturação e o cansaço passaram, num par de dias. ainda bem porque tem sido um bom ministro e vale muito mais do que aquela infeliz entrevista.

teixeira dos santos. corrigiu amado, eis que avança a falar teixeira dos santos. e, novamente, o azar de o que é dito prestar-se a interpretações equívocas ou negativas. logo, necessidade de correcções e aditamentos, e explicações. mas por que se não calam eles?

cavaco certeiro. quem não devia falar, está a falar demais.

psd. apoio a recandidatura de cavaco, como se esperaria. e renovada prudência, não alimentando as espe- culações cenarísticas do ps e do cds.

concertos. rui veloso. pedro abrunhosa, a seguir. mariza, dentro de dias. ritmo alucinante. por falar em abrunhosa, que enorme surpresa a que júlio magalhães congeminou para ontem no final do jornal nacional. enorme e gratificante…

terça 16 e quarta 17

o caso irlandês e portugal-espanha

irlanda. acabou por ter que pedir apoio à união europeia, com a inteligência de explicar que se trata de salvar a banca e não as finanças públicas. assim dissociando o caso irlandês do português e abrindo caminho para apoios da ue, do fmi e do reino unido.

mercados. agora, é esperar que os mercados compreendam a diferença de portugal e deixem de pressionar os juros da nossa dívida pública.

rui tavares. eurodeputado doa parte do seu ordenado para bolsas de investigação. um bom exemplo que já está a ter seguidores.

bem melhor. hoje, teixeira dos santos. parecia outro homem, comparado com o da entrevista ao financial times.

noite gloriosa. eu pertenço aos portugueses que gostam dos espanhóis. mas foi uma noite gloriosa, com os 4-0 de portugal. a fazer lembrar 2004…

bom jantar. amigo meu convidou parceiros espanhóis para virem ver o jogo. no final, telefonou a perguntar como estavam. resposta: «o jantar foi óptimo!…». de futebol, nem uma palavra.

sérvulo correia. mais uma homenagem justa na nossa faculdade. a gratidão não prescreve.