antes foi o estúdio de fotografia de vicente gomes da silva (1827-1906), na rua da carreira, no funchal, por onde passaram mais quatro gerações da mesma família – vicente gomes da silva ‘júnior’ (1857 – 1933), vicente ângelo gomes da silva (1881-1954), vicente bettencourt gomes da silva (1902-1960) e jorge bettencourt gomes da silva ( 1913 -2008).
na mesma morada, instalou-se em 1982 a photographia – museu ‘vicentes’, que actualmente é local de paragem obrigatório, sobretudo , para amantes da fotografia.
os registos realizados pelas diversas gerações dos ‘vicentes’ são «uma fonte inesgotável para estudos de genealogia. o pormenor do seu registo é muito interessante e o último data de 1978», partilha a directora maria helena araújo. «é com base nestes registos [o museu possui os retratos de estúdio mais antigos da madeira] que, hoje, o museu reproduz para familiares dos retratados cópias em suporte de papel», conta a responsável, acrescentando que esta é «uma das principais receitas do museu».
os visitantes podem procurar o nome dos seus antepassados na base de dados do museu – entre 1884 e 1913 – e encontrar informação sobre a sua história familiar ou sobre a história da madeira.
há, por exemplo, fotografias do caminho-de-ferro que ligava o monte à baixa funchalense, da estada do imperador carlos de áustria no funchal e da evolução da aviação na madeira. o museu também mantém o material audiovisual e películas de cinema que pertenciam à antiga delegação de turismo da madeira.
do acervo fazem parte cerca de 800 mil negativos, da colecção vicentes photographos, mas também de colecções provenientes de outros estúdios de fotografia madeirenses, como as casas perestrellos photographos e photo figueiras, que integraram o conjunto no final da década de 1990 – o museu esteve fechado para reestruturação e obras entre 1996 e 2001 -, e de doações de privados – entre 1979 e 2009, o museu recebeu 110 doações.
uma grande colecção de negativos de colódio – negativos, em suporte de vidro -, datados entre 1870 e 1880, dois daguerreótipos e slides para lanterna mágica, com imagens da madeira com uma «qualidade fotográfica extraordinária», são algumas das preciosidades que se podem ver.
ainda se vêem aqui os cenários que os ‘vicentes’ importaram de inglaterra e a máquina fotográfica, de grande formato, desenhada e construída por vicente gomes da silva. o pavilhão em madeira, com cobertura a zinco, é «típico dos ateliês do século xix», explica.
a entrada era, naquele tempo, a sala de espera. o boudoir, onde as senhoras mudavam de traje para serem fotografadas, está hoje reproduzido nas traseiras do estúdio, num espaço contíguo ao quarto escuro. este, sim, foi mantido conforme o original.
o que é hoje o laboratório era o antigo quarto das provas, onde eram revelados os negativos e feita uma prova de contacto em papel fotográfico. «se o cliente gostasse, o negativo era levado para o rés-do-chão para serem feitas as ampliações».
ao lado fica a zona de trabalho. esta área está tal e qual ao que era na época dos ‘vicentes’, com os mesmos mesões, retoucadeiras e selos brancos. aqui, os vidros das janelas são negativos que os fotógrafos consideravam ser de refugo e aproveitavam para colocar nas janelas.
em 1972, a família não acompanhou a implementação do negativo a cores, vendo-se obrigada a vender o recheio e a arrendar o rés-do-chão à sociedade pátio, livros e artes, onde abriu o restaurante pátio, que ainda hoje serve de entrada a quem quer visitar o museu. actualmente, o edifício pertence ao governo regional, que comprou o acervo em 1979 e o imóvel em 2004.
photographia – museu ‘vicentes’
rua da carreira, 43, 1º
funchal – madeira
tel. 291 225 050
2ª a 6ª, das 10h às 12h30 e das 14 às 17h